SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 6 – A JUSTIÇA DE DEUS | 4 º Trimestre De 2022 – ADULTOS CPAD

SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 6 – A JUSTIÇA DE DEUS | 4º Trimestre de 2022 – Subsídios Escola Biblica Dominical das Lições Bíblicas Adultos CPAD: A Justiça Divina – A Preparação do Povo de Deus para os Últimos Dias no Livro de Ezequiel

INTRODUÇÃO

Ao profetizar sobre o juízo que viria sobre Judá, Ezequiel mostra a justiça de Deus. Deus é o justo juiz e não deixará de castigar os impenitentes.

I – O CASTIGO DOS IDÓLATRAS

Na sequência do estudo do livro do profeta Ezequiel com aplicação aos dias em que estamos a viver, estaremos a analisar a justiça de Deus à luz dos vaticínios do profeta. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ao falar dos atributos de Deus, afirma que Deus “…é incomparável (…) em justiça [Gn 18.25; Sl 96.13]…” (Cap. II.2, p.32). Como afirma Charles Haddon Spurgeon, ao comentar, precisamente, o Sl 96.13: “…“Porque vem a julgar a terra”, governá-la com discrição; não para criar impostos e controlá-la pela força, como frequentemente fazem os reis, mas para presidi-la como os magistrados, cuja tarefa é verificar que a justiça seja feita entre os homens.

Todo o mundo está sob a jurisdição deste grande Juiz, e ao Seu tribunal todos serão convocados. Neste momento, Ele está a caminho, e a hora da Sua vinda se aproxima rapidamente. A Sua grande sessão é proclamada. Nós não ouvimos as trombetas? O Seu pé está no escabelo. “Julgará o mundo com justiça.” A Sua retidão essencial irá determinar todas as causas e todos os casos, não haverá suborno e corrupção ali, nem se encontrarão erro ou falha nas Suas decisões.…” (Os tesouros de Davi. Trad. de Degmar Ribas Júnior e Luís Aron de Macedo. v.2 , p.831).

Depois de ter profetizado contra os falsos profetas, Ezequiel emudeceu, pois, como sabemos, ela havia ficado mudo para ser um sinal da voz divina no meio dos cativos em Babilônia. Ezequiel, até por causa deste sinal, logo foi reconhecido como profeta no meio do povo e, por isso, passou a ser procurado para que trouxesse mensagens da parte de Deus. Assim, no limiar do capítulo 14, vemos o profeta na companhia de anciãos de Israel que se assentaram diante dele. Estavam aqueles homens ansiosos por receber uma mensagem divina. Boa coisa é desejarmos ter uma palavra da parte do Senhor.

Nos dias de Ezequiel, esta comunicação somente podia ser feita por intermédio dos profetas, mas, desde que Jesus veio a este mundo, agora é por meio d’Ele, do Espírito Santo que Ele nos enviou, que recebemos a orientação divina, as palavras para que bem nos portemos em nossa peregrinação terrena (Hb 1.1; Jo 14.16,17,23,26).

Foi um importante gesto este o tomado pelos anciãos. Eles se dirigiram até onde estava o profeta, na esperança que o Senhor lhes falasse, querendo ouvir a voz do Senhor. É este um passo necessário, que deve sempre ser tomado por aqueles que servem ou desejam servir a Deus. Entretanto, não basta que se tenha a intenção de ouvir o que Deus tem a falar. É necessário que também estejamos dispostos a praticar, a cumprir, a obedecer ao que o Senhor disser. Somente tem êxito na vida espiritual aquele que não só ouve, mas também pratica o que lhe for dito da parte do Criador (Mt 7.24-27; Tg 1.22-25).

Ezequiel serve de sinal não apenas para o povo dos seus dias, mas também para nós. Ezequiel ficava calado quando não lhe vinha qualquer palavra da parte do Senhor, porque era mudo. Nós, também, devemos ficar calados quando não é Deus quem nos manda falar. Somente devemos falar aquilo que Deus disse. Deste modo, preguemos a Palavra de Deus, não indo além do que está escrito (I Co 4.6), como também nada falemos que não seja mandado pelo Senhor, quando se tratar de exercício de dons espirituais ou ministeriais. O apóstolo Paulo era muito criterioso a este respeito, tanto que fazia questão de distinguir quando era ele quem estava a falar e quando se tratava do Senhor (I Co 7.12).

Devemos ter a mesma conduta. É certo que Ezequiel nada podia falar se não fosse da parte do Senhor, já que havia sido emudecido, mas devemos também ficar mudos quando o Senhor não nos der o que falar ou, se falarmos algo, que deixemos claro que se trata de algo da nossa parte, não da parte de Deus. O Senhor, então, ante a disposição de os anciãos de ouvir a Sua voz, não os decepcionou e abriu a boca do profeta. Deus quer Se comunicar com os homens, tem desejo de falar-lhes, tanto que determinou que a Igreja pregue a Sua Palavra, pregue o Evangelho a toda criatura. Tenhamos certeza de que jamais quem busca a Deus ficará sem resposta.

Entretanto, como Deus não é como o homem, conhecendo o interior de cada um (I Sm 16.7; Jo 2.24,25), ao Se dirigir àqueles anciãos, logo revelou a hipocrisia que os caracterizava, pois tinham vindo ouvir a Deus mas, lamentavelmente, havia a casa de Israel levantando os seus ídolos no seu coração e posto o tropeço de sua maldade diante da sua face, de modo que receberiam como resposta o que correspondia à multidão de seus ídolos (Ez 14.4,5). Vemos, de pronto, o primeiro aspecto da justiça divina, que é a retribuição. Tem-se a justiça retributiva quando se pune o infrator, ou seja, quando se devolve ao transgressor a maldade de sua transgressão.

O Senhor é a fonte de todo bem (Tg 1.17), de modo que todo mal que advém d’Ele não decorre diretamente d’Ele, mas, sim, é uma retribuição, é uma devolução daquilo que foi praticado pelo próprio homem. O tropeço, diz o Senhor nesta mensagem proferida por Ezequiel, era fruto da própria maldade praticada, oriunda do mau coração do homem. O Senhor Jesus, mesmo, ensina que do coração do homem é que procedem todos os pecados (Mt 15.18,19). Não poderiam os israelitas buscar o bem de Deus, irem atrás da bênção do Senhor se continuassem a ser idólatras, se permanecessem seguindo os ídolos, apartados de Deus.

Notamos, aliás, e as mensagens proferidas por Ezequiel têm este condão de mostrar a profundidade do tema, que o Senhor não se refere às imagens de escultura, mas mostra que, antes de tudo, a idolatria partia do coração, no coração é que estavam os ídolos que faziam com que o povo se tivesse distanciado dos caminhos do Senhor. Hoje não é diferente. Muitos se gabam de que não usam imagens de escultura, “adoram a Deus em espírito e em verdade” e, portanto, entendem que estão a agradar ao Senhor, fazem jus às Suas bênçãos. No entanto, são, sim, idólatras, porquanto têm servido a ídolos que estão no seu coração, como o dinheiro e o mais terrível de todos os ídolos, o próprio “eu”.

São pessoas que procuram única e exclusivamente o que lhes agrada, não querendo renunciar a si mesmos para agradar a Deus. Tais pessoas não servem ao Senhor, pois para segui-l’O o primeiro requisito é negar-se a si mesmo, é retirar o “eu” como ídolo do coração (Mt 16.24; Mc 8.34; Lc 9.23). O Senhor conclama o povo à conversão, a que deixassem seus ídolos e desviassem o seu rosto de todas as suas abominações (Ez 14.6). Como diz o proverbista, só alcança a misericórdia divina aquele que confessa e deixa a sua transgressão, mas o que a encobre nunca prosperará (Pv 28.13). Se as pessoas viessem buscar uma palavra de Deus sem que se convertessem, o resultado seria que somente receberiam da parte do Senhor o juízo, pois, dentro da justiça divina, Deus irá tão somente pôr o Seu rosto contra ele, fazendo dele um espanto, um sinal e um provérbio, sendo arrancado do meio do povo, para que se saiba que o Senhor é Deus (Ez 14.7,8).

Quem se apresenta diante de Deus sem ter a disposição de conversão está tão somente chamando juízo para si, nada mais. Não é por outro motivo que, ao explicar a ceia do Senhor, o apóstolo Paulo diz o que havia recebido do próprio Cristo, que quem participa do corpo e do sangue do Senhor indignamente, ou seja, sem estar devidamente convertido, come e bebe para a sua própria condenação (I Co 11.29). Vir à presença do Senhor sem conversão é chamar para si punição, e punição eterna. Tomemos cuidado, amados irmãos! Como bem diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…A ira divina é a reação da santidade de Deus ante a pecaminosidade humana [At 2.:27]…” (Cap.V.3, pp.61-2).

Deste modo, não havendo arrependimento de pecados e santificação, reação outra não teremos da parte do Senhor senão a Sua ira. – É no Evangelho que descobrimos a justiça de Deus (Rm 1.16,17). Se não cremos no Evangelho e, deste modo, alcançamos a salvação (Mc 16.16; Ef 1.13), teremos tão somente como destino a condenação, a perdição eterna, pois não creremos no Filho (Jo.3:36). – Uma vez mais, o Senhor Se dirige aos falsos profetas, dizendo que os destruiria se falassem algo que não fosse proveniente da parte de Deus, assim como faria a todos os que não se convertessem, pois levariam a sua maldade (Ez 14.9-11). O Senhor, então, mostra aos israelitas cativos que esta atitude não era uma atitude dirigida única e exclusivamente a Israel. O Senhor não faz acepção de pessoas e, portanto, a Sua justiça retributiva também se estendia às demais nações.

Vemos aqui um outro aspecto da justiça divina, qual seja, a imparcialidade. A justiça não faz acepção de pessoas, ela não trata diferentemente os seres humanos, mas a todos trata com igualdade. É bem por isso, aliás, que a doutrina da predestinação incondicional não merece guarida, não tem respaldo nas Escrituras, pois isto significaria que haveria da parte de Deus acepção de pessoas, o que contraria frontalmente o que está escrito (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; At.10:34; Rm 2.11; I Pe 1.17).

O Senhor, então, revela que quando uma terra pecasse contra Ele gravemente se rebelando, então Deus estenderia a Sua mão contra ela e tornaria instável o sustento do pão e enviaria contra ela a fome e arrancaria dela homens e animais e, mesmo que, no meio dela, estivessem homens justos como Noé, Daniel e Jó, eles livrariam apenas as suas próprias almas, sem poder fazer coisa alguma para que escapasse aquelas nações, que seriam também acometidas da espada, da peste e das alimárias nocivas (Ez 14.15-20).

Nesta mensagem, o Senhor revela muito a respeito de Sua justiça. Por primeiro, que há, sim, uma dimensão social na vida humana e que se toda a sociedade prevaricar contra o Senhor, ela mesma sofrerá o dano de sua maldade. – Neste passo, como toda a sociedade está em pecado, acaba ela própria sendo destruída, enquanto organismo social, pois o Senhor faz cessar a convivência que havia entre as pessoas, por estarem elas imersas no pecado.

Existe, assim, o que os estudiosos das Escrituras passaram a denominar de “pecado social”, ou seja, uma transgressão aos preceitos divinos que decorre da própria estrutura social que se encontra pervertida pelo pecado. Veja que não é a sociedade que peca, mas os homens fazem com que a sociedade passe a ter estruturas e modos de vida que estimulam, favorecem e alimentam o pecado, de tal modo que há uma generalização que faz com que a própria convivência entre tais pessoas seja abominável aos olhos do Senhor. – Esta generalização, entretanto, não significa que Deus trate os homens como “massa”, como “algo único”.

O próprio Deus faz questão de ressaltar que os justos são poupados, tanto que dá o exemplo de Noé, Daniel e Jó, homens que, mesmo em meio a um ambiente completamente pervertido e hostil ao Senhor, mantiveram-se íntegros. Noé permaneceu fiel ao Senhor mesmo em meio à perversão generalizada de sua geração e, por isso mesmo, foi poupado, com sua família, do dilúvio. Jó também não compactuou com os seus contemporâneos, tanto que foi objeto de especial menção do próprio Deus a Satanás, tendo suportado a prova e mantido a integridade. Por fim, Daniel, nos próprios dias de Ezequiel, manteve-se como um homem fiel na corte de Babilônia, sendo também poupado do juízo que se fez contra aquele governo.

Deus não confunde, pois, o indivíduo com o povo a que ele pertence, pois é o supremo juiz sobre toda a terra e, por isso, faz justiça, retribuindo aquilo que cada um faz (Gn 18.25). Isto faz lembrar o que diziam os romanos a respeito da justiça: “Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi” (Digesto 1.10.10pr) (A justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o seu direito). O “pecado social”, portanto, é resultado dos pecados individuais, é uma cristalização da maldade dos indivíduos que a tornam automática e reprodutiva na sociedade em que vivem, a tal ponto que a própria existência da sociedade se torna um mal que não pode mais persistir.

A malignidade desenfreada da geração antediluviana levou à destruição de toda a humanidade de então, porque as estruturas estavam totalmente pervertidas. Foi o que ocorreu, também, com a comunidade única pós diluviana que, unissonamente, se rebelou contra o Senhor no episódio da torre de Babel, tendo o Senhor desfeito aquela sociedade mediante a confusão das línguas. Isto também ocorreu com as chamadas “cidades da planície” (Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim), como também com as nações que habitavam a terra de Canaã e que foram destruídas pelos israelitas.

A propósito, Deus revelou a Abrão uma circunstância, qual seja, a de que Sua longanimidade aguarda o arrependimento destas sociedades, mas quando “enche a medida da injustiça”, a destruição é certa (Gn 15.16). – Com respeito a Sodoma, aliás, o Senhor revela, através de Ezequiel, os motivos pelos quais foi aquela cidade destruída: “soberba, fartura de pão e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas, mas nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado” (Ez 16.49). – Havia naquela cidade próspera toda uma estrutura social que privilegiava a soberba, isto é, o orgulho, a autossuficiência, a rebeldia contra Deus e contra tudo o que se referisse a Deus e à moral.

Porventura, não é o que vemos em nossos dias, com a prevalência do chamado “secularismo”, o pensamento que elimina Deus e tudo o que é sobrenatural e além do terreno e material de qualquer área da vida humana? Estruturas sociais que são utilizadas para se contrapor a tudo o que é defendido pela Palavra de Deus, que dá cobertura e estimula tudo o que é anticristão e antibíblico? – Não bastasse a soberba, havia, também, a fartura de pão, ou seja, estruturas que promoviam a desigualdade social, a prevalência do egoísmo e da falta de compaixão com o pobre e necessitado, o materialismo, a ganância e o gasto desmedido com o que não é pão (Is 55.2).

É bom observar, de pronto, que a desigualdade social é algo que sempre haverá na sociedade, é algo ínsito à própria imperfeição humana. O Senhor Jesus disse que “os pobres sempre tereis convosco” (Jo 12.8), algo que o Senhor já dissera a Israel quando lhes entregou a lei (Dt 15.11). Entretanto, diante desta realidade, é ordem divina que os pobres sejam acolhidos pelos mais abastados, que haja a demonstração do amor ao próximo, mediante a ajuda ao necessitado, como vemos, na própria lei, com diversos mandamentos, como a respiga (Lv.23.22), o jubileu (Lv 25.8-55), o ano sabático (Lv 25.1-7), entre outros.

O que se repreendeu em Sodoma e se repreende em toda a sociedade que chega ao limite da injustiça é a desigualdade social deliberada, aquele que é fomentada, que, ao lado da fartura de pão, tem a intenção de não ajudar o necessitado, pelo contrário, de eliminá-lo, de desprezá-lo totalmente. Era isto que havia em Sodoma – “nunca esforço a mão do pobre e do necessitado” (Ez 16.49). Porventura, não é o que vemos em nossos dias? Estruturas sociais que fomentam a cada dia cada vez mais a desigualdade social, elites que tudo fazem para enriquecer cada vez mais, para dominarem cada vez mais o próximo, buscando, em vez de diminuir a desigualdade, trazer como “solução” para os problemas sociais iniciativas como o controle da natalidade, a diminuição da população e coisas similares.

Mesmo o movimento comunista internacional, que diz apregoar a igualdade entre as pessoas, é o primeiro a criar sociedades intensamente desiguais, onde uma elite vive em plena fartura e a população distribui igualmente a miséria entre si, como vemos em países como a Coreia do Norte e a Venezuela, por exemplo. Como se verifica, durante a Grande Tribulação, teremos precisamente este comportamento. Em meio à fome, a crise econômica, a preservação dos alimentos para os mais ricos – “não danifique o azeite e o vinho” (Ap 6.5,6), um sistema que beneficia os mais opulentos (Ap 18.11-16). Este mesmo estado de coisas havia em Samaria, como denunciou o profeta Amós (Am 2.6; 4.1; 8.4-6).

Em Judá, não era diferente, notadamente após o término do reinado de Josias, com grande intensidade nos reinados de Jeoaquim e de Zedequias, quando, inclusive, havia a escravização dos mais pobres em completa discordância com os preceitos da lei, pois a escravidão era perpétua e não limitada a seis anos como mandava a lei (Jr 34.8-22). Os dias de Ezequiel eram dias em que o Senhor também iria realizar um “acerto de contas” com as nações do chamado Oriente Próximo ou Crescente Fértil, onde floresceu a civilização humana. Babilônia seria utilizada como instrumento da justiça divina sobre aquelas nações e, depois ela mesma seria objeto do juízo divino.

Estava-se iniciando um período que representaria a própria instalação do sistema gentílico, a que Israel serviria, sem independência, sistema este que está a terminar precisamente em nossos dias, sistema figurado pela estátua do sonho de Nabucodonosor (Dn 2). O próprio Ezequiel seria porta-voz de diversas profecias contra diversas nações que sofreriam esta manifestação da ira divina, profecias que foram principalmente proferidas depois da queda de Jerusalém, contra Amom (Ez 25.1-7), Moabe (Ez 25.8-11), Edom (Ez 25.12-14), os filisteus (Ez 25.15-17), Tiro (Ez.26.1-28.19), Sidom (Ez 28.20-26), Egito (Ez 29-32).

Em nossos dias, não é diferente. Já vivemos o chamado “princípio das dores” (Mt 24.4-8), em que se iniciaram as turbulências que terão seu ponto culminante durante a Grande Tribulação, quando se manifestará a ira do Cordeiro (Ap 6.16). “…Essa etapa da história foi determinada por Deus para fazer justiça contra a rebelião dos moradores da terra [2 Ts 1.7,8] e também para preparar a nação de Israel para o encontro com o seu Messias [Am 4.12]…” (DFAD, cap.XXII.3, p.187).

Como vemos na descrição do juízo que se desencadeará neste tempo e que já começou em nossos dias, estarão, mais uma vez, presentes os “quatro maus juízos” — a espada, a fome, as nocivas alimárias e a peste — que são os “quatro cavalos com seus cavaleiros” (Ap 6.2-8).

II – AS PARÁBOLAS ILUSTRATIVAS DA JUSTIÇA DE DEUS

O Senhor, então, de forma didática, fez uso de parábolas para que o povo bem compreendesse o que Ele estava a dizer, recurso que seria eximiamente utilizado por Nosso Senhor e Salvador. A primeira parábola foi a da madeira inútil da videira (Ez 15). Sabemos que o tronco da videira, árvore muito comum entre os israelitas, é extremamente frágil e não tem outra serventia senão a de dar base, sustentáculo para as uvas, não tendo, posteriormente, qualquer outra serventia, tanto que é lançada no fogo.

Se tal madeira é inútil para qualquer serventia antes de ser lançada no fogo, depois que é consumida pelo fogo, então, tem menos utilidade ainda. Pois bem, assim eram os habitantes de Jerusalém. Tendo deixado de cumprir a sua tarefa, que era a de “sustentar a videira”, ou seja, ser o reino sacerdotal e povo santo para o que tinha sido formado pelo Senhor, tinha se tornado inútil e, por isso, seriam lançados ao fogo, sofreriam o castigo divino e, uma vez lançados no fogo, não teriam a menor serventia, razão por que seriam destruídos.

Lembremos que o profeta havia tido uma visão do juízo sobre Jerusalém, onde foram poupados aqueles que eram fiéis ao Senhor (Ez 9), de modo que aqui vemos, uma vez mais, a demonstração da justiça divina, dando a cada um o que cada qual havia feito, poupando os justos e punindo os ímpios, pois o Senhor não o culpado por inocente (Na 1.3). Em seguida, o profeta faz uso de outra parábola, desta vez a da meretriz (Ez 16). Compara Jerusalém a uma meretriz.

Diz que Jerusalém era como uma criança que, após o nascimento, havia sido lançada em pleno campo, sem qualquer cuidado e que o Senhor, passando pelo campo, vendo aquela recém-nascida abandonada, adotou-a, livrando-a da morte, dela cuidando, a ponto de ter crescido e se desenvolvido mas, quando se tornou moça, embora tivesse feito concerto com o Senhor que lhe deu vida, mesmo tendo sido tratada como uma princesa, confiando em sua formosura, prostituiu-se, passando a adorar a outros deuses e, inclusive, levar seus filhos em sacrifícios a eles.

Esquecendo-se de todo o bem que recebera da parte do Senhor, passou a adorar a todos os deuses que achava, prostituindo-se com todos os que encontrava e sendo pior que as meretrizes, pois se estas se prostituem para receber dinheiro, Jerusalém, ao revés, pagava para os que com elas se prostituíam. Por causa disso, Jerusalém seria castigada. Os seus próprios amantes se ajuntariam contra ela e o Senhor permitiria que ela fosse entregue a eles e a destruíssem.

Como retribuição pela ingratidão e abandono do Senhor, Jerusalém seria destruída. O Senhor compara Jerusalém com Samaria e com Sodoma, cidades que haviam, também, sofrido a ira divina pela sua impiedade. Deus mostra aqui a Sua imparcialidade uma vez mais e como, num determinado instante, age para a própria destruição das sociedades, quando estas estão impregnadas da maldade, quando atingem a “medida da injustiça”.

Como consequência da quebra do concerto que havia feito com o Senhor, Jerusalém seria destruída, sua perversidade e abominações provocariam a sua queda, mas o Senhor não destruiria totalmente o Seu povo, porque tinha uma concerto de fazer de Israel Seu reino sacerdotal e povo santo e, por isso, estabeleceria com o remanescente um “concerto eterno”, quando haveria a reconciliação entre Deus e Israel, Israel que se lembraria e se envergonharia de tudo quanto havia feito (Ez 16.59-63).

Vemos, então, aqui, um novo aspecto da justiça, que é a justiça como equidade, como moderação. O Senhor, conquanto vá punir os impenitentes, mantém o Seu compromisso de amor, promete estabelecer um concerto eterno com o Seu povo, irá salvar o remanescente fiel, e disto faz prova pelo próprio fato de que jã estava poupando parte do povo, como os cativos que faziam companhia a Ezequiel, chamados de “figos bons” na visão que tivera o profeta Jeremias (Jr 24). É neste aspecto da justiça divina que devemos nos reportar à expressão de Tiago, o irmão do Senhor: “a misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13).

O Senhor, mesmo quando lança o necessário juízo, sempre demonstra a Sua misericórdia, permitindo com que o ser humano venha a se arrepender e a escapar da Sua ira. O que não se pode, porém, é dizer que a misericórdia anula o juízo, como alguns têm dito por aí. – Como diz a Bíblia de Estudo de Genebra: “…Embora Deus nunca seja obrigado a usar a misericórdia, ele opta livremente por usá-la com abundância. (…) . Por Sua lei, porém, somos exortados a moderar a justiça com a misericórdia. Ele adverte que, se recusarmos a usar a misericórdia, não receberemos d’Ele a misericórdia…” (Nota a Tg 2.13).

Muito oportuna a observação do pastor Aldery Nelson Rocha a respeito deste tema: “…A misericórdia alcançará aquele que vive a lei da liberdade perfeita. Isto é, aquele que fala e procede de igual maneira. A misericórdia triunfa sobre o juízo

(1) quando há arrependimento e
(2) quando não permitimos a hipocrisia,
(3) nem damos lugar à ira…” (Bíblia Revelada: Novo Testamento, com. Tg.2:13, p.924).

Em seguida, vem a parábola das duas águias e da videira, a respeito da casa de Israel (Ez 17). Uma grande águia, de grandes asas, de farta plumagem, cheia de penas de várias cores, veio ao Líbano e levou o mais alto ramo de um cedro, levando-a a uma terra de mercancia, tomou da semente d terra e a lançou num campo de semente, pô-la junto às águas. Ela brotou e se tornou uma videira mui larga, de pouca altura, produzindo sarmentos e lançando renovos. Outra grande águia, de grandes asas e cheia de penas teve lançada a si as raízes da videira e estendeu para ela os seus ramos para que a regasse. Pergunta, então, o Senhor: prosperará a videira ou antes esta outra águia não arrancará as raízes e cortará o fruto da videira?

O Senhor então diz que a primeira águia é Babilônia, que já havia levado parte dos judaístas para o cativeiro, mas, agora, o rei de Judá, traindo a Babilônia, queria fazer pacto com o Egito, que é a segunda águia e, por causa disto, os judaístas seriam totalmente destruídos pelos babilônios, porque haviam quebrado o juramento feito com Babilônia. O Senhor, então, mostra aqui uma outra faceta de Sua justiça, que é o combate aos que são infiéis nos contratos e nos compromissos assumidos. Deus abomina a infidelidade e quem quebra compromissos assumidos chama para si a ira divina.

Uma das características dos homens pecadores é, precisamente, a infidelidade nos contratos (Rm 1.31) e destas coisas Deus Se desagrada e uma sociedade que faz prevalecer tal infidelidade está fadada ao fracasso, ao seu próprio desfazimento. Porventura não é que o que temos visto em nossos dias? A justiça impõe o cumprimento dos compromissos, a fidelidade aos pactos. Israel seria retirado da Terra Prometida porque havia rompido o pacto de obediência estabelecido com o Senhor, em cujas cláusulas estava a condicionalidade da permanência na Terra se houvesse a obediência à lei do Senhor.

Um dos aspectos da justiça divina, portanto, é a fidelidade aos compromissos assumidos e a aplicação das regras em caso de descumprimento, a observância das regras, das normas. – Por conta desta quebra de juramento, que representava, em última análise, a quebra do mandamento de não dar falso testemunho nem jurar em falso (Ex 20.16; Lv 19.12; Dt 5.20), o rei de Judá seria levado para Babilônia e lá o Senhor entraria em juízo com ele, porque havia se rebelado contra o Senhor (Ez 17.19,20).

No entanto, o Senhor diz que tornaria a tomar o topo do cedro e o plantaria novamente, no monte alto de Israel e o Seu povo tornaria a produzir frutos, abatendo a árvore alta, elevando a árvore baixa, secando a árvore verde e fazendo reverdecer a árvore seca, porque o Senhor tinha o controle de todas as coisas (Ez 17.22-24).

Há, novamente, a promessa de restauração de Israel. Nesta profecia, observemos, o Senhor assumiria o controle, restauraria a nação, abatendo a árvore alta, ou seja, o sistema gentílico mostrado na estátua do sonho de Nabucodonosor, que teve início precisamente com Babilônia. – Prenunciava-se, pois, o início do tempo em que “Jerusalém seria pisada pelos gentios”, o “tempo dos gentios” (Lc 21.24), que finalizará com o término da Grande Tribulação e o início do reino milenial de Cristo. – Temos sido fiéis ao Senhor? Estamos a cumprir o compromisso assumido de servi-l’O até a morte?

O Senhor que que sejamos fiéis até a morte (Ap 2.10) e somente os que assim se portarem entrarão na cidade celestial, inclusive reinando com o Senhor no Seu reino milenial. – A fidelidade é essencial em nossa vida espiritual. Se formos infiéis, o Senhor permanecerá fiel (2 Tm 2.13) e, por causa disso, em nossa infidelidade seremos tragados pelo maligno e perderemos a salvação, pois o Senhor retribuirá a infidelidade a Ele com a perdição.

Quem negar ao Senhor, será por Ele negado (Mt 10.32; Lc 12.8), pois confessar ao Senhor é permanecer n’Ele (I Jo.4:15). – Não é por outro motivo que o Senhor diz que espera, na Sua vinda, encontrar servos fiéis e prudentes (Mt 24.45; Lc 12.42). Qual é a nossa situação? Pensemos nisso!

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

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