SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 8 – O BOM PASTOR E OS PASTORES INFIÉIS | 4 º Trimestre De 2022 – ADULTOS CPAD

SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 8 – O BOM PASTOR E OS PASTORES INFIÉIS | 4º Trimestre de 2022 – Subsídios Escola Biblica Dominical das Lições Bíblicas Adultos CPAD: A Justiça Divina – A Preparação do Povo de Deus para os Últimos Dias no Livro de Ezequiel

INTRODUÇÃO

Na sequência do estudo do livro do profeta Ezequiel, veremos os vaticínios do profeta em relação às lideranças de Israel. As lideranças judaístas são denunciadas por Ezequiel

I – O LAMENTO DA LEOA E DA VIDEIRA

Após ter proferido mensagem a respeito da responsabilidade individual, o profeta Ezequiel traz, da parte do Senhor, uma lamentação sobre os príncipes de Israel.

É elucidativo que, depois de ter enfatizado que cada um responde pelos seus próprios atos, o Senhor venha mostrar que há, sim, influência de uns indivíduos sobre outros e que também responderemos pela influência que exercemos sobre o próximo.

Deus criou o homem como um ser social e, deste modo, não há como vivermos solitariamente, sem a convivência dos demais, de modo que, nestas relações interpessoais, exercemos influência sobre os outros e os outros, sobre nós.

Esta dimensão social, portanto, não é desprezada pelo Senhor, que faz questão, então, de demonstrar como aqueles que estão em posição de proeminência na sociedade, aqueles que detêm autoridade e que se sobressaem entre as demais pessoas têm uma responsabilidade maior diante de Deus, precisamente porque foram colocados em funções e atividades que norteiam, orientam e dirigem os outros.

Não é por acaso que a lamentação se faça com relação aos “príncipes de Israel”, ou seja, as pessoas principais, as pessoas que detinham autoridade sobre o povo, aqueles que serviam de exemplo e de referência para a população.

A lamentação usa a figura de uma leoa, certamente remontando ao símbolo da tribo de Judá, que era o leão. Judá havia sido escolhido pelo Senhor para ser a tribo de onde sairiam os reis de Israel, a dinastia de Davi, de onde proviria o Messias (Gn.49:8,9; Sl.78:67-72).

Esta leoa, que representa o próprio Deus, criou seus filhotes, que aqui são todas as nações, de modo que o Senhor faz questão, uma vez mais, de lembrar que Ele é Deus de todas as nações, não apenas de Israel (Cf. Ex.19:5; Sl.24:1).

Entretanto, entre todos os filhotes, fez crescer um de seus filhotinhos, que veio a ser um leãozinho e aprendeu a apanhar a presa, devorando os homens (Ez.19:3). Este leãozinho é a nação de Israel, a “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” (Cf. Ex.19:5,6), o reino sacerdotal e povo santo do Senhor que, assim, teria condições não só de interceder pelas demais nações, mas de ser protegida do mal pelo próprio Deus, alcançando vitória e ascendência sobre os demais povos, como ficou claro seja na libertação que tiveram no Egito, seja no sustento que tiveram no deserto, seja na própria conquista da Terra de Canaã e na formação de um respeitável império nos dias de Davi e Salomão, pois o leãozinho, mesmo levado à cova, soube aprender a apanhar a presa, a devorar homens e a conhecer seus palácios e destruir as suas cidades, assolando a terra e a sua plenitude, que soube ouvir o seu rugido (Ez.19:4-7).

Entretanto, as pessoas das províncias em roda se ajuntaram contra ele, estenderam sobre ele a sua rede e ele foi apanhado na sua cova, metido em cárcere com ganchos e levado para o rei da Babilônia, fazendo no entrar nos lugares fortes para que não se ouvisse mais a sua voz nos montes de Israel (Ez.19:8,9).

Há aqui uma nítida repreensão às lideranças de Israel que, pela sua impenitência, haviam feito com que o povo perdesse a sua liberdade e estivesse, agora, no cativeiro. As nações agora iriam prevalecer sobre o leãozinho, que seria mantido na cova. Era o “tempo dos gentios”, iniciado com o cativeiro da Babilônia e que só terminará quando o Senhor Jesus vier reinar sobre Israel.

Em seguida ao lamento da leoa, temos a parábola da videira, onde o Senhor descreve a mesma situação em que se encontrava o povo de Israel. Aqui a mãe não é mais o Senhor, mas a própria nação de Israel, a “mãe pátria”. Ela é a videira que, na sua quietação, plantada à borda das águas, frutificou e se encheu de ramos, por causa das muitas águas (Ez.19:10).

Notemos, portanto, que, nesta parábola, a videira é plantada, ou seja, não tem o comando da situação, foi posta por alguém, que é o Senhor, num lugar privilegiado, onde podia se desenvolver e frutificar. Em virtude das circunstâncias favoráveis, a videira tinha varas fortes para cetros de dominadores e se elevou a sua estatura entre os espessos ramos, sendo vista na sua altura com a multidão dos seus ramos (Ez.19:11).

No entanto, esta videira foi arrancada com furor, abatida até à terra, e o vento oriental secou o seu fruto, quebraram-se e secaram-se as suas fortes varas, e o fogo as consumiu, estando agora plantada no deserto, numa terra seca e sedenta, tendo saído fogo de uma vara de seus ramos que consumiu o seu fruto, que não há nela nenhuma vara forte, cetro para dominar (Ez.19:12-14).

Há nova repreensão às lideranças. Elas eram “varas fortes”, “cetros para dominadores”, mas, lamentavelmente, por causa da sua impenitência, veio o vento oriental e secaram o seu fruto, quebraram-se e se secaram, tendo sido consumidos pelo fogo. O juízo divino veio sobre tais lideranças e elas perderam toda a sua força e autoridade e Israel não mais teria independência política, não mais seus príncipes teriam poder, sendo lançada no “deserto”.

Esta lamentação da videira faz-nos lembrar as palavras do Senhor Jesus em Suas últimas instruções aos Seus discípulos. O Senhor nos diz que somos também varas da videira verdadeira (Jo.15:5), que é Ele próprio. Somos chamados a manter comunhão com Ele para darmos fruto e fruto permanente (Jo.15:16).

Se, porém, entrarmos numa vida pecaminosa, perdendo a comunhão com o Senhor, seremos tirados da videira (Jo.15:2), secando, sendo colhida e lançada no fogo, para sempre arder (Jo.15:6).

Esta lamentação de Ezequiel remonta a uma mensagem profética proferida por Jeremias, precisamente quando o Senhor denunciava a vida pecaminosa dos judaitas, o “pecado de Judá escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nos ângulos dos seus altares” (Jr.17:1).

Naquela oportunidade, o Senhor já havia dito que o homem que confiasse no homem e que fizesse da carne o seu braço e apartasse o coração do Senhor seria como a tamargueira no deserto e não sentiria quando viesse o bem, antes, moraria nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável (Jr.17:5,6), exatamente porque o fogo que acenderam na ira do Senhor arderia para sempre (Jr.17:4).

O que aconteceu com as lideranças de Israel, as outrora “varas fortes” deve servir de alerta para todos nós. Todo servo de Cristo Jesus foi feito “rei e sacerdote para Deus” (Ap.1:6) e, portanto, somos “varas fortes”, “cetros para dominadores”, mas se enveredarmos pelo caminho da impenitência, como fizeram as lideranças judaitas do tempo de Ezequiel, secaremos e seremos lançados no fogo. Que Deus nos guarde!

II – O JULGAMENTO DA CIDADE SANGUINÁRIA

Outra profecia de Ezequiel que atingiu duramente os príncipes de Israel é a que está registrada no capítulo 22 do seu livro. O profeta traz uma mensagem divina dizendo que julgaria a “cidade sanguinária”, referindo-se a Jerusalém. E por que era ela uma “cidade sanguinária”? Porque o sangue era derramado no meio dela, fazendo ídolos contra si mesma para se contaminar (Ez.22:3).

O derramamento de sangue fez com que a cidade ficasse culpada e aliada à idolatria praticada, tinham chegado os dias da manifestação da ira divina e o término dos seus anos, de modo que Jerusalém seria feita o opróbrio das nações e o escárnio de todas as terras (Ez.22:3,4).

Foram os príncipes de Israel, cada um conforme o seu poder, que, tendo domínio sobre Jerusalém, derramaram sangue, ou seja, aproveitaram do poder que detinham para efetuar o derramamento de sangue, para dar cabo a vidas.

É importante aqui observar que a vida é um bem que o Senhor não concede ao arbítrio dos governantes. Ao fixar o pacto que instituiu o governo humano, o Senhor foi bem claro que, quanto à vida, Ele mesmo requereria eventual ofensa (Gn.9:5). Tanto assim é que os reis de Israel não tinham poder sobre a vida das pessoas, como se verifica do estatuto do reino (I Sm.8:11-17). Só Deus pode dar e tirar a vida (I Sm.2:6).

Entretanto, os príncipes de Israel haviam desrespeitado este limite, derramando o sangue, razão pela qual o Senhor iria castigá-los e puni-los. Este derramamento de sangue, inclusive, estava vinculado a práticas idolátricas, como o sacrifício de crianças a Moloque, prática que havia se disseminado muito a partir do reinado de Manassés (II Rs.21:6; II Cr.33:6; Jr.32:35; Ez.16:21; 20:31; 23:25,37).

Não podemos nos esquecer que Deus observa a violência cometida pelos homens e que o sangue dos inocentes clama por vingança desde Abel (Gn.4:10; Mt.23:35; Lc.11:51; Hb.12:24), de modo que, num determinado instante, quando se chega à medida da injustiça, o Senhor vem vingar tal situação (Ap.16:4-6).

Uma das causas do dilúvio foi a extrema violência que encheu a terra (Gn.6:11,12) e o desapreço pela vida é um indicador veemente da corrupção generalizada dos seres humanos e, por conseguinte, da sociedade em que eles vivem.

Nos dias em que vivemos, que são como os dias de Noé (Mt.24:37), não é diferente. Muitos têm derramado o sangue inocente, e o Senhor está a ver todas estas coisas. Tomemos cuidado para não fazermos o mesmo nem consentirmos com os que isto fazem, como, por exemplo, aqueles que estão a defender práticas como o aborto.

O desapreço pela vida por parte dessas lideranças era impressionante. Caluniavam para derramar sangue (Ez.22:9), receberam presentes para derramar sangue (Ez.22:12). Por causa de todas estas atitudes, o Senhor bateu as mãos contra a avareza e do derramamento de sangue, resolvendo derramar a Sua ira contra eles.

A nação israelita seria tratada como escória de prata e o Senhor assopraria o fogo sobre eles a fim de se fundirem, sendo ajuntados na ira e no furor do Senhor, para que soubessem que o Senhor é Deus.

Os profetas, outra liderança existente, estavam em conjuração, ou seja, conluiados em rebelião contra o Senhor, devorando as almas, tomando tesouros e coisas preciosas e multiplicando as viúvas no meio da terra (Ez.22:24,25), enquanto prediziam mentiras, dizendo o que o Senhor não havia dito (Ez.22:28).

Os sacerdotes, que também eram líderes, estavam a transgredir a lei, não fazendo diferença entre o santo e o profano, não discernindo entre o puro e o impuro, fazendo com que o nome do Senhor fosse profanado no meio do povo (Ez.22:26).

Os príncipes, então, comportavam-se como lobo que arrebatam a presa, para derramarem o sangue, para destruírem as almas, para seguirem a avareza (Ez.22:27).

Todos eles estavam a oprimir o povo gravemente, andavam roubando e fazendo violência ao aflito e ao necessitado e ao estrangeiro oprimindo sem razão. Nenhum deles se dispunha a servir a Deus. O Senhor havia procurado alguém que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante o Senhor, mas não achou a ninguém. Por isso, o Senhor haveria de consumir a todos, fazer recair a Sua ira sobre a cabeça deles (Ez.22:29-31).

A liderança era a primeira a debandar, a transgredir contra o Senhor e, naturalmente, pelo poder de influência que tinham, incentivavam e estimulavam o povo a seguir-lhes na vida pecaminosa.

Quem influencia as pessoas para o bem, será galardoado por assim ter feito. Quem, porém, levar as pessoas para o mal, ocasionar-lhes o tropeço, será gravemente punido por isso. O próprio Senhor Jesus disse que aqueles que forem instrumentos de escândalo terão condição espiritual extremamente delicada (Mt.18:6,7).

OBS: A propósito, eis o que diz o Talmude, no tratado Pirkei Avot sobre esta situação: “Todo aquele que causa com que muitos tenham méritos, não haverá pecado que venha por sua causa; mas aquele que causa o pecado de muitos não se concederá a ele a oportunidade de arrepender-se. O próprio Moisés foi meritório e fez com que muitos obtivessem méritos, [motivo pelo qual] o mérito de muitos é atribuído a ele, conforme foi dito: Ele [Moisés] cumpriu a justiça do Eterno e Suas ordens junto com Israel. Jeroboão, filho de Nebate, pecou e causou o pecado de muitos, [motivo pelo qual] o pecado de muitos é atribuído a ele, conforme foi dito: Pelos pecados de Jeroboão, que ele cometeu e fez Israel cometer.” ( Pirkei Avot 5:21)

III – A PROFECIA CONTRA OS PASTORES DE ISRAEL

Após a queda de Jerusalém, segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, no ano de 580 a.C., o Senhor dá a Ezequiel uma profecia específica contra os pastores de Israel, ou seja, contra todos os líderes, aqueles que deveriam ter conduzido o povo, povo este que era a “propriedade peculiar de Deus dentre os povos” (Cf. Ex.19:5).

A consideração das lideranças como pastores vem do fato de que Israel era considerado “o rebanho do Senhor” e cada israelita, “ovelhas do Seu pasto” (Sl.95:7; 100:3).

A figura do pastor era muito conhecida em Israel, até porque os filhos de Israel eram, na sua origem, criadores de animais (Gn.47:3). Assim, historicamente, os próprios patriarcas tinham sido literalmente pastores de ovelhas e, portanto, a assimilação da ideia de que os líderes eram pastores foi até intuitiva, reforçada também com a circunstância de que tanto Moisés quanto Davi, grandes líderes de Israel, tinham sido, também, pastores.

A ideia de Deus como sempre o Sumo Pastor também decorre desta assimilação. Ao chamar os israelitas de “ovelhas do Seu pasto”, o Senhor estava a mostrar que era Ele, em última análise, quem cuidava de Israel, quem deveria orientá-lo e guiá-lo, tanto que nada mais nada menos que Davi, que, antes de ser rei de Israel, tinha sido, também, pastor das ovelhas de seu pai, afirmou que o Senhor era o seu pastor (Sl.23:1). Pois bem, o primeiro ponto trazido na mensagem profética é de que o pastor deve se dedicar às ovelhas, deve delas cuidar, deve apascentá-las e não pensar em si mesmo, apascentar-se a si próprio (Ez.34:1).

Este era o primeiro problema dos pastores de Israel: eles apascentaram-se a si mesmos, não ao povo de Israel, mesmo sabendo que se tratava do povo do Senhor. Neste egoísmo, os pastores comeram a gordura, vestiram-se da lã e degolaram o cevado, ou seja, tomaram para si todas as vantagens que puderam, mas não cuidaram das ovelhas, não cuidaram do povo (Ez.34:2).

Temos aqui a diferença substancial entre estes pastores e o Bom Pastor, que é Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que assim Se identificou (Jo.10:11). Jesus, ao contrário, deu a Sua vida pelas ovelhas (Jo.10:11), que é o ápice do desinteresse e da negação de si próprio, ou seja, da abnegação.

O amor é desinteressado (I Co.13:5), de modo que não é possível ser um líder verdadeiro e genuíno se não se estiver buscando o bem dos seus liderados em vez do seu próprio. No caso da Igreja, que é o corpo de Cristo, a liderança sempre deve buscar os interesses do Senhor e não os seus, algo que, já nos tempos apostólicos, não era fácil de se encontrar, como dá conta o apóstolo Paulo, ao dizer que Timóteo possuía este desinteresse (Fp.2:20-23).

Como não havia interesse pelas ovelhas, mas somente por si mesmos, os pastores não fortaleceram a ovelha fraca, não curaram a ovelha doente, não ligaram a ovelha quebrada, não tornaram a trazer a ovelha desgarrada nem buscaram a perdida, tão somente dominando sobre as ovelhas com rigor e dureza (Ez.34:4).

Temos aqui, nesta expressão do profeta, o que se espera de um pastor. O pastor deve, por primeiro, promover o fortalecimento das ovelhas. Este fortalecimento decorre da alimentação e, por isso, é fundamental que um pastor seja alguém que promova a sadia e correta alimentação do rebanho a ele confiado. O pastor, como diz Davi, guia a ovelha para verdes pastos e a águas tranquilas (Sl.23:2).

Em Israel, deveriam os pastores fazer com que o povo tivesse conhecimento da lei, enquanto que, hoje, na Igreja, é fundamental que o pastor providencie o ensino da Palavra de Deus, que é alimento espiritual do cristão (Mt.4:4; Lc.4:4) e a água que santifica (Ef.5:26), que limpa (Jo.15:3).

Por segundo, o pastor deve curar a ovelha doente e ligar a ovelha quebrada e aqui tanto se está a falar de cura física, quanto cura espiritual. O pastor é aquele que deve promover a saúde do rebanho. Por isso, fundamental que o pastor tenha dons espirituais, entre os quais os dons de curar, como também tenha uma vida de comunhão com Deus que permita que ele confirme a Palavra com sinais, entre os quais está a cura. Deve também ter uma palavra que permita curar as feridas e as quebraduras das ovelhas.

Quem cura a ovelha doente e liga a ovelha quebrada tem uma palavra sábia, que permite fazer com que sejam superados os traumas, os ressentimentos, as mágoas, as perturbações psicológicas decorrentes seja da tentação, seja dos problemas de relacionamento com outras pessoas. O pastor deve ter uma palavra edificante, exortativa e aconselhadora, que permita o desfrute da paz que há em Cristo Jesus.

Por terceiro, o pastor deve trazer a ovelha desgarrada e buscar a perdida. O Senhor, ao contar a parábola da ovelha perdida (Lc.15:4-7), mostrou que um pastor digno do nome não mede esforços para trazer de volta a ovelha que se desgarrou, a ovelha que se perdeu.

Nos dias de Ezequiel, as lideranças de Judá não se importavam com a população. Muito pelo contrário, tratavam o povo com dureza, rigor, basta ver a escravidão perpétua que haviam imposto aos mais pobres, em frontal contradição com o que determinava a lei de Moisés (Cf. Jr.34:8-22).

Assim, não havia preocupação com as que se desgarrassem, se perdessem, se distanciassem do próprio povo. Tal atitude foi censurada veementemente pelo Senhor. O Senhor Jesus é este Bom Pastor que busca as ovelhas perdidas e as desgarradas. Deixou a glória celestial para vir ao encontro das ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt.15:24; Jo.1:11), não se circunscrevendo aos israelitas, mas indo também atrás dos gentios (Jo.10:16).

Em nossos dias, não é diferente. Os pastores que são postos pelo Senhor na Igreja devem ter esta preocupação com as ovelhas. Devem observar, como diz o apóstolo Pedro, que estão a cuidar de ovelhas que não são suas, mas do Senhor (I Pe.5:2), devendo delas cuidar, pois, como verdadeiros depositários, terão de prestar contas delas diante de Deus (Hb.13:17).

A única coisa que os pastores de Israel fizeram foi dominar sobre as ovelhas com dureza e rigor. Impuseram duro jugo sobre o povo, que não amavam nem com quem se preocupavam, única e exclusivamente para se enriquecerem e tirarem proveito da população, para satisfação de seus próprios interesses.

O resultado disto foi que, em virtude da má conduta das lideranças, o povo se perdeu espiritualmente e, com a perda da terra de Canaã, diante da desobediência, veio o espalhamento de todo o povo, espalhamento físico que apenas denunciou o espalhamento espiritual que já antes existia, pois não havia mais pastores para o povo (Ez.34:5).

Agora, Israel estava espalhado entre as nações, à mercê das “feras do campo” e não havia qualquer um interessado em buscá-lo. Apesar da tragédia do exílio, os sacerdotes e príncipes não tinham demonstrado preocupação alguma na situação, não tinham compaixão do povo desgarrado.

Não foi o que fez o Senhor Jesus. Apesar de rejeitado pelo povo, nunca deixou de sentir compaixão por ele, por serem ovelhas desgarradas sem pastor (Mt.9:36; Mc.6:34), e devemos ter este mesmo sentimento, jamais nos conformarmos em vermos as almas caminhando para a perdição.

O Senhor diz aos pastores de Israel que as Suas ovelhas haviam sido entregues à rapina e vieram a servir de pasto a todas as feras do campo por falta de pastor, que só procuravam se apascentar a si mesmos, mas o Senhor livraria as Suas ovelhas da boca das feras e elas não mais serviriam de pasto (Ez.34:10).

O Senhor prometeu que Ele próprio buscaria as ovelhas de Israel, Ele mesmo as buscaria. Esta promessa foi cabalmente cumprida, porque o próprio Deus Se fez homem e veio em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel, na pessoa do Filho, de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Verdade é que Israel não recebeu a Jesus como o Cristo e, por causa disto, foram, novamente, espalhados entre as nações, mas desde 1878 se iniciou, com o movimento sionista, o retorno dos judeus a Canaã, tendo, inclusive, sido criado o Estado de Israel em 1948 e, a cada dia, aumenta o número de judeus que estão sendo reunidos na Terra Prometida e o Senhor os reunirá sob Seu comando ao término da Grande Tribulação.

O Senhor prometeu que iria buscar Suas ovelhas dispersas, que as faria voltar de todos os lugares por onde andavam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão, tirá-las-ia dos povos e as apascentaria nos montes de Israel, junto às correntes e em todas as habitações da Terra, apascentando-as em bons pastos, fazendo-as repousar (Ez.34:11-15).

O Senhor prometeu fazer o que os pastores infiéis não haviam feito, fortalecendo a enferma, buscando a perdida, ligando a quebrada, tornando a trazer a desgarrada, apascentando-as com juízo (Ez.34:16). Entretanto, como o Senhor é justo, não repreende apenas os pastores, mas também se volta para as próprias ovelhas, pois, como dissemos, o líder influencia, mas não retira do liderado o livre-arbítrio deste. Fala o Senhor, então, de dois tipos de ovelhas que Ele destruiria: a gorda e a forte (Ez.34:16).

A ovelha gorda é aquela que se alimentou além do necessário, aquela que só pensa em si, que não reparte o que tem com a outra, que não se preocupa com as demais. É o egoísta, aquele que tinha o mesmo sentimento dos pastores infiéis, que só pensa em si mesma e em mais ninguém. Esta será destruída, pois lhe falta o amor, algo essencial para pertencer ao povo de Deus (Jo.13:35), pois Deus é amor (I Jo.3:8).

A ovelha forte é aquela que não quer ser fortalecida, que se acha autossuficiente. É a ovelha soberba, aquela que não quer ser apascentada, aquela que acha que não precisa de um pastor. Esta também será destruída, porquanto só pode pertencer ao povo de Deus aquele que tem o Senhor como o seu Pastor, aquele que reconhece ao Senhor como seu Pastor (Jo.10:26,27).

Mas, além de dizer que identificará as ovelhas gordas e fortes, o Senhor diz que Ele mesmo julgará entre gado pequeno e gado pequeno, entre carneiros e bodes (Ez.34:17). Há aqueles que, ao pastar o bom pasto, pisam o resto com os seus pés; ao beberem as profundas águas, enlameiam o resto com os seus pés. Fala aqui o Senhor daqueles que, desfrutando das bênçãos divinas, têm atitudes que levam os demais a perderem tais bênçãos ou a rejeitá-las.

São os que promovem os escândalos que, ao rejeitarem o que o Senhor tem a oferecer, faz com que outros também, pelo seu péssimo exemplo, venham a desacreditar nas promessas divinas, nas bênçãos espirituais.

O Senhor não observa apenas as lideranças, mas a todos os integrantes do povo, fazendo distinção entre “gado gordo e gado magro”, entre “gado miúdo e gado miúdo”. O Senhor bem observa os malefícios causados às Suas ovelhas, como os empurrões, os escorneares com as pontas, principalmente contra as fracas, cujo objetivo único é espalhar as ovelhas para fora do aprisco (Ez.34:21).

Notemos aqui que o Senhor nos permite um indicador para discernir as ações corretas das equivocadas quando se fala de tratamento das ovelhas. Quando se tem como objetivo “espalhar para fora”, “tirar da comunhão”, estamos diante de uma atitude contrária à vontade do Senhor.

O integrante do povo de Deus jamais pode ser alguém que queira que alguém saia do convívio com os concidadãos, não pode querer ferir e magoar alguém para que ele não mais frequente o grupo a que pertence. Quando estivermos diante de alguém assim, temos aqui um verdadeiro agente de Satanás, um inimigo do povo de Deus, alguém que está sendo observado pelo Senhor.

Lamentavelmente, é o comportamento de muitos “santarrões”, que, em nome de uma suposta “ortodoxia doutrinária”, de um “zelo excessivo”, não pensam duas vezes em expulsar as ovelhas com as quais não têm a menor simpatia, sem qualquer preocupação com o bem espiritual delas. Não se trata aqui de dizer que se deve permitir a manutenção de pessoas que não têm compromisso com a santidade, com a obediência à Palavra do Senhor no meio do Seu povo.

O que se está a dizer é que existem pessoas que, sob o pretexto de defender a santidade, estão, na verdade, jogando pessoas para fora da comunhão, mediante atitudes que as magoam, as tornam ressentidas, principalmente as ovelhas fracas. Tomemos muito cuidado, amados irmãos!

O Senhor promete livrar as ovelhas deste tipo de gente e lhes dar um só pastor, o Seu servo Davi, que as há de apascentar, que lhes servirá de pastor (Ez.34:23). Esta profecia cumprir-se-á no reino milenial de Cristo, quando o Senhor Jesus, Filho de Davi, reinará sobre Israel, após a sua conversão, que se dará pouco antes do início da batalha do Armagedom, no final da Grande Tribulação (Zc.12:1-13:6).

Que isto se fará somente naquele tempo é claro, porque o próprio Senhor diz que “acabará com a besta ruim da terra” (Ez.34:25), a indicar que tal circunstância se dará apenas após a derrota do Anticristo e do Falso Profeta na batalha do Armagedom.

Também se verifica que tal situação exige a instauração de um novo concerto entre o Senhor e Israel, entre o “Seu servo Davi” e o povo, quando o Senhor se tornará efetivamente o Deus de Israel e haverá um concerto de paz (Ez.34:24,25). O Senhor promete, então, a independência de Israel, que não mais servirá aos gentios nem tampouco aos pastores infiéis que haviam promovido a rapina que havia espalhado as ovelhas pelos quatro cantos da terra.

É o fim dos “tempos dos gentios” (Ez.30:3; Lc.21:24), do “dia de nuvens e de escuridão” (Ez.34:11), o tempo mostrado no sonho da estátua que teve o rei Nabucodonosor e que foi revelado, inclusive sua interpretação, a Daniel (Dn.2).

Observemos, ademais, que as lideranças surgidas durante o Período do Segundo Templo e depois na Diáspora e mesmo os que se encontram à frente do Estado de Israel tiveram e têm a mesma postura dos pastores infiéis apontados pelo profeta Ezequiel.

Os líderes do Período do Segundo Templo foram igualmente duros e rigorosos com o povo, permitindo a manutenção do seu espalhamento por entre as nações, jamais contestando o domínio estrangeiro estabelecido e, em certa medida, que o digam os saduceus, defendendo amplamente uma adaptação ao sistema vigente, não raras vezes fazendo alianças com os estrangeiros dominantes para auferir suas próprias vantagens e privilégios, em detrimento de Israel e, até mesmo, da lei de Moisés (os saduceus, que formavam a elite, eram, por exemplo, materialistas, o que contrariava nitidamente os mandamentos divinos).

Basta ver que todos se uniram contra o Senhor Jesus e contra Seus seguidores (At.4:23-29; 9:1,2; I Ts.2:14,15). Na Diáspora, não foi diferente. As lideranças judaicas sempre rejeitaram o Senhor Jesus como o Messias e nunca esconderam seu desejo de não permitir o avanço do Cristianismo e da Igreja, sendo certo que, antes de se reconciliarem com o Senhor, aceitarão outro como Messias, que será, precisamente, o Anticristo (Jo.5:43; Dn.9:26,27).

O judaísmo, não nos esqueçamos, é uma religião que tem sua raiz no farisaísmo, que sempre foi adversário de Jesus Cristo e de Sua doutrina (Mt.16:6,11,12; 23; Mc.8:11,12). O Talmude, que é o segundo livro sagrado do judaísmo, foi construído sobre a “tradição dos anciãos”, que invalida alguns dos mandamentos divinos (Mt.15:3,6). Deste modo, até hoje as lideranças israelitas estão a impedir que o povo judeu observe a lei de Deus, creia em Jesus Cristo e isto perdurará até a conversão do remanescente de Israel ao término da Grande Tribulação.

O Senhor, porém, promete restaurar Israel como Seu reino sacerdotal e povo santo, dando-lhes não somente bênçãos na Terra Prometida, mas também a comunhão com Ele, de modo que o Senhor será, efetivamente, o Deus de Israel e a casa de Israel, o Seu povo, tornando-se “ovelhas do pasto do Senhor”, cumprindo-se, então, o que disse o Senhor Jesus, o Bom Pastor: “ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também Me convém agregar estas, e elas ouvirão a Minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (Jo.10:16).

Como diz o apóstolo Paulo, por não permanecerem na incredulidade, fomentada pelos pastores infiéis, que perduram até hoje, os judeus serão novamente enxertados na oliveira, porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar na sua própria oliveira e, então, todo o Israel será salvo, de Sião virá o Libertador e desviará de Jacó as impiedades, sendo, então tirados os seus pecados (Rm.11:23-27).

Diante deste exemplo histórico e desta constatação presente, resta-nos, tão somente, pedir graça a Deus para não cometermos os mesmos erros seja dos pastores infiéis, seja das ovelhas desobedientes (a gorda, a forte, os bodes, as que empurram e as que escorneiam), mas que, pela fé, permaneçamos em pé, temendo a Deus e não se ensoberbecendo (Cf. Rm.11:20), para que não tenhamos o mesmo triste fim. Conheçamos o Bom Pastor, ouçamos a Sua voz e sigamo-l’O e, certamente, seremos por Ele levado para as moradas do Seu Pai, onde há lugar para nós preparado (Jo.14:2,3). Amém!

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

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