SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 9 – GOGUE E MAGOGUE: UM DIA DE JUÍZO | 4º Trimestre De 2022 – ADULTOS CPAD

SUBSÍDIO EBD – LIÇÃO 9 – GOGUE E MAGOGUE: UM DIA DE JUÍZO | 4º Trimestre de 2022 – Subsídios Escola Biblica Dominical das Lições Bíblicas Adultos CPAD: A Justiça Divina – A Preparação do Povo de Deus para os Últimos Dias no Livro de Ezequiel

Os capítulos 38 e 39 do livro de Ezequiel falam de um conflito em que Israel terá um êxito militar. Israel sairá fortalecido da guerra contra Magogue, que o porá em condição de fazer um acordo com o governante mundial, o Anticristo.

I – O QUE É A GUERRA ENTRE ISRAEL E MAGOGUE

Na sequência do estudo do livro do profeta Ezequiel e da sua aplicação a nossos dias, analisaremos a profecia constante dos capítulos 38 e 39, que é o limiar dos últimos acontecimentos da história da humanidade.

A profecia dos capítulos 38 e 39 do livro do profeta Ezequiel fala-nos de uma guerra que será travada entre Israel e um grupo de nações que se unirá a Magogue, que pretenderá invadir a terra de Canaã “no fim dos anos” (cfr. Ez.38:8).

Em primeiro lugar, devemos tomar cuidado para não confundirmos este conflito descrito no livro do profeta Ezequiel com dois outros eventos distintos, a saber:

a) a batalha do Armagedom, que é o conflito que haverá entre os exércitos do Anticristo e Israel, que ocorrerá no final da Grande Tribulação;
b) a rebelião final de Gogue e Magogue, ou seja, o conflito que haverá entre os que se rebelarem contra o reino de Cristo, no final do milênio, que é descrita em Ap.20:7-10.

Isto é importante considerar porque muitos, diante do colapso da União Soviética, em 1989, puseram, indevidamente, em descrédito muitos dos estudos que foram realizados a respeito da guerra entre Israel e Magogue, em especial aquele formulado pelo pastor Abraão de Almeida no livro “Israel, Gogue e o Anticristo”, seja porque a interpretação a respeito deste conflito foi relacionada à manutenção do regime comunista no planeta até aquele episódio, seja porque muitos tenham associado o regime comunista ao Anticristo (notadamente teólogos norte-americanos), duas interpretações que nada têm a ver com o vaticínio bíblico de Ezequiel 38 e 39.

Tal associação, aliás, que se entendia ter caído em descrédito com o colapso da União Soviética, não se mostra desarrazoada em nossos dias, quando se verifica que o movimento comunista internacional está fortalecido na atualidade e é um três “projetos de dominação global” que se mostram no cenário político mundial, como bem dizia o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho (1947-2022), projetos estes que têm como característica comum o anticristianismo, a saber: o russo-chinês, o islamismo e o globalismo ocidental.

OBS: “…As forças históricas que hoje disputam o poder no mundo articulam-se em três projetos de dominação global: o “russo-chinês” (ou “eurasiano”), o “ocidental” (às vezes chamado erroneamente “anglo-americano”) e o “islâmico”.…” (CARVALHO, Olavo de. Os donos do mundo. 21 fev. 2011. Disponível em: https://olavodecarvalho.org/os-donos-do-mundo/ Acesso em 20 ago. 2022).

II – QUEM É MAGOGUE

Depois de ter falado sobre a restauração nacional de Israel (tema que será abordado na próxima lição), Ezequiel, segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, no ano 580 a.C., 13 anos após o início de seu ministério, profere uma profecia para o “fim dos anos” (Ez.38:8).

“No fim dos anos” tem o significado de “último tempo” (I Pe.1:15; Jd.18), “tempo do fim” (Dn.8:19), “últimos tempos” (I Tm.4:1), expressão que todos sabemos, é o período histórico que se inicia na parte final da dispensação da graça, que o Senhor Jesus denomina de “princípio das dores” (Mt.24:8) e vai até o final da história, no término do milênio. É o nosso tempo.

“…Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal…” (Ez.38:2,3) “…conceberá um mau desígnio e dirá: Subirei contra a terra das aldeias não muradas, virei contra os que estão em repouso, que habitam seguros. Todos eles habitam sem muro e não têm ferrolho nem portas, a fim de tomar o despojo, e de arrebatar a presa, e tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se habitam, e contra o povo que se ajuntou dentre as nações, o qual tem gado e possessões, e habita no meio da terra.” (Ez.38:10b-12).

Percebe-se, portanto, que esta personagem que a Bíblia denomina de Gogue e que é o príncipe de Meseque e de Tubal, resolverá invadir a terra de Canaã, que é a terra de aldeias, quando haverá uma relativa sensação de paz no meio do povo de Israel (“o povo que se ajuntou entre as nações”), buscando dominar os recursos naturais existentes na região.

A primeira dificuldade que se tem é a identificação de quem seja Gogue. A Bíblia diz que se trata de uma pessoa, de uma autoridade, o príncipe de Meseque e de Tubal, lugares situados na terra de Magogue.

Para que tenhamos condição de saber a que lugar o texto sagrado está se referindo, devemos verificar a relação de nações surgidas da confusão das línguas em Babel, o chamado “índice das nações”, que se encontra no capítulo 10 do livro de Gênesis.

Lá está dito que, entre os filhos de Jafé, um dos filhos de Noé, estavam Magogue, Tubal e Meseque (Gn.10:2). Flávio Josefo, o grande historiador judeu, ao comentar esta relação de nações, indica que Magogue foi o pai dos citas, povo bárbaro que vivia, na época de Josefo (século I d.C.), na região que hoje pertence à Rússia, enquanto que Tubal teria dado origem aos iberos, povo que habitou a região da Península Ibérica (Portugal e Espanha atuais) e Meseque teria sido o pai dos capadócios, povo que habitou a Capadócia, região que hoje pertence à Turquia. (Cf. Flávio JOSEFO. História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso. v.1, p.29).

O texto bíblico diz que Gogue é o príncipe de Tubal e de Meseque, que se encontram na terra de Magogue. Portanto, trata-se de uma autoridade que tem sua base na região que foi ocupada pelos citas na época de Josefo, ou seja, a Rússia, que é o principal país que se situa ao norte de Israel, pois a profecia bíblica de Ezequiel diz claramente que este invasor virá do norte (Ez.39:2) e, como foi muito bem demonstrado pelos estudiosos, em especial o pastor Abraão de Almeida em seu livro “Israel, Gogue e o Anticristo”, se traçarmos uma linha reta de Jerusalém rumo ao norte, esta linha passará por Moscou, a capital russa.

Mas como dizer que Gogue é uma autoridade da Rússia, se, como vimos, Tubal seria a nação dos iberos e Meseque, a nação dos capadócios, duas regiões bem distantes da Rússia e que nem sequer se situam precisamente no norte de Israel (pelo menos a Península Ibérica)?

Muitos estudiosos, inclusive, ao analisarem o fato de Gogue ser chamado de “príncipe de Tubal e de Meseque”, associam os nomes bíblicos de Tubal e de Meseque, não aos filhos de Javé, ou seja, às nações surgidas da descendência destes dois filhos de Javé, mas, sim, a nomes de lugares, pois a referência à descendência, à nacionalidade, somente se dá na expressão “terra de Magogue” e, portanto, Tubal e Meseque seriam apenas nomes de locais.

Assim, Tubal e Meseque, em Ez.38:2, não representariam as nações surgidas de Tubal e de Meseque, mas cidades da terra de Magogue, mas cidades que, edificadas por descendentes de Magogue, fazem menção, em seus nomes, a estes irmãos de Magogue, a título de homenagem, como se vê, por exemplo, no caso de Caim, que, ao edificar uma cidade, deu a ela o nome de seu filho Enoque (Gn.4:17).

Estas denominações proféticas destes locais, Tubal e Meseque, correspondem, nitidamente, em mais das inúmeras demonstrações da infalibilidade das Escrituras, às localidades hoje conhecidas como Tobolsk e Moscou, que, não coincidentemente, são duas das principais cidades da Rússia.

Com efeito, Tobolsk foi fundada pelos russos em 1587, quando eles começaram a ocupar a Sibéria (nome que recebe a parte norte da Ásia e que se confunde com a própria Rússia asiática), sendo, desde então, considerada a capital histórica da Rússia asiática, o símbolo do domínio russo sobre esta parte da Ásia.

Moscou, por sua vez, capital do principado de Moscóvia, é a capital de toda a Rússia desde a unificação dos vários principados da região, o que se deu em 1495 sob o reinado de Ivã III. Antes, em 1453, logo após a queda de Constantinopla, Moscou fora considerada a nova capital da cristandade pelos cristãos orientais, a “terceira Roma”, o que demonstra como é antiga a pretensão dos russos de se arvorarem em estandarte da Cristandade Oriental e, assim, terem direito sobre a Terra Santa…

Deste modo, percebemos, com clareza, que Gogue é o chefe da Rússia, ou seja, o governante da Rússia que, nos últimos tempos, resolverá invadir Israel.

Embora há anos esta profecia seja conhecida dos estudiosos das Escrituras, bem como reafirmada com o despertamento dos estudos escatológicos a partir do início do século XIX, alcançou enorme interesse com o desenrolar dos acontecimentos históricos que guindaram a Rússia ao um extraordinário desenvolvimento, a partir do século XVIII.

A Rússia, diante de sua unificação política, que data de 1495, como vimos, e de sua grandeza territorial (é o maior país do mundo), sempre tem sido, ao lado da China, um país que não pode ser jamais menosprezado no cenário político internacional, mais, ainda assim, nunca representou uma verdadeira ameaça às potências ocidentais que, a partir do final da Idade Média, lutavam pela hegemonia mundial.

No entanto, a partir do século XVIII, a Rússia dos czares (“czar”, variante russa de César era a denominação dos imperadores russos) passou a ter maior relevância no cenário político da Europa, pois passou por algumas reformas que tinham em vista uma modernização do país e uma maior presença na Europa e na Ásia, além do que, como já dissemos, desde o seu início teve uma indisfarçável pretensão de se constituir na potência cristã do Oriente.

A vitória russa sobre Napoleão no início do século XIX, que foi o ponto de partida para a derrota do imperador francês, trouxe à Rússia um papel de destaque na chamada Santa Aliança, que foi o nome dado ao grupo de países que desenhou o mapa da Europa do século XIX, consolidando, assim, a presença russa no cenário político internacional, de onde somente sairá, como dizem as Escrituras, depois da guerra com Israel.

A Rússia, já inserida no conjunto das alianças das potências europeias, acabou sendo levada à Primeira Guerra Mundial e, no final desta, viveu a Revolução de 1917, que estabeleceu o primeiro regime comunista do mundo, fazendo com que surgisse a União Soviética, que, ao final da Segunda Guerra Mundial, era, ao lado dos Estados Unidos, uma das duas superpotências mundiais.

A União Soviética, portanto, passou a rivalizar com os Estados Unidos pelo domínio do planeta, tendo, inclusive, capacidade para destruir várias vezes a Terra, situação que perduraria até 1989.

Ante este vertiginoso crescimento, seria natural que os estudiosos da Bíblia identificassem Magogue com a União Soviética e que vissem a guerra predita na profecia de Ezequiel como a derrocada do comunismo por intermédio da intervenção divina, que as Escrituras dizem que haverá naquele conflito e no qual a vitória caberá a Israel (cfr. Ez.38:18-23).

Com a queda do comunismo em 1989 e o desaparecimento da União Soviética, muitos entenderam que estas interpretações dadas à profecia de Ezequiel haviam sido desmentidas e o assunto praticamente desapareceu dos compêndios de escatologia.

Todavia, se temos de concordar que a identificação de Magogue à União Soviética e da guerra predita em Ez.38 e 39 com a queda do comunismo não se confirmou, ante a evolução dos fatos, não devemos deixar de analisar a profecia bíblica, até porque se trata de Palavra de Deus e as palavras do Senhor jamais hão de passar (Mt.24:35).

Apesar de a União Soviética não mais existir, a Rússia continua sendo uma potência de importância mundial e que não pode, em absoluto, ser desconsiderada no cenário político internacional.

Como se não bastasse isso, o desaparecimento da União Soviética não significou, em absoluto, o desaparecimento do comunismo. O outro grande país comunista, a China, começou a destacar-se sobremaneira no cenário internacional, impondo a sua filosofia política em vários países, como se verificou, aliás, no próprio tratamento dado à pandemia do COVID-19.

Ademais, o atual governante da Rússia, Vladimir Putin, fez sua carreira política na KGB, que era precisamente o serviço secreto da União Soviética e pilar do regime comunista, de modo que não podemos dizer que o “comunismo acabou”, já que são as mesmas pessoas que sustentavam o comunismo soviético que estão no poder naquele país.

Os russos ainda são detentores do segundo maior arsenal nuclear do planeta e têm o segundo maior exército do mundo (só o exército chinês é mais numeroso), além de serem os maiores produtores de petróleo fora da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Sua importância é tanta que, após a queda da União Soviética, os sete países mais ricos do mundo (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália, Japão e Grã-Bretanha, que formam o G-7) não hesitaram em convidar a Rússia a integrar o grupo, que passou a ser conhecido como o G-8, grupo este que é responsável pelas decisões que influenciam a política econômica de todos os países do planeta.

Além disso, vemos que a Rússia sempre teve um histórico de perseguição aos judeus. Tanto é assim que as violências empreendidas contra os judeus passaram a ser chamadas de “pogroms”, que é um termo russo, a nos mostrar como houve sempre uma associação de violência a judeus com a Rússia.

O primeiro “pogrom” teria ocorrido em Odessa em 1821 e a Rússia foi palco de grandes revoltas antissemitas entre 1881 e 1884, na Ucrânia (onde até hoje vive uma grande comunidade judaica) e no sul da Rússia. Durante a própria Revolução de 1917 e a guerra que se seguiu a ela, há notícia de morte de dezenas de milhares de judeus entre 1918 e 1920.

A discriminação contra os judeus era tanta na Rússia que foi criada uma “Zona de Assentimento Judeu”, que ocupava cerca de 20% do território do Império Russo, sendo que os judeus somente podiam morar nesta área. Esta Zona existiu de 1791 até 1917.

A Rússia possui, desde 1934, uma região autônoma judaica, que foi criada para a “preservação cultural judaica”, que é o único território autônomo formalmente judeu além do Estado de Israel. Entretanto, os judeus são menos de 1% da população da região.

As Escrituras falam que Gogue, chefe de Tubal e Meseque, na terra de Magogue, invadirá Israel querendo tomar-lhe as riquezas. Ora, vimos que Tubal e Meseque, na terra de Magogue, é a Rússia e, portanto, o que a Bíblia nos diz é que o governante da Rússia invadirá Israel, querendo tomar-lhe as riquezas. Para tanto, chefiará uma aliança de nações.

A Bíblia diz que esta decisão de Gogue se dará quando houver uma sensação de paz na terra de Canaã. O texto sagrado afirma que Gogue, ao contemplar que os moradores de Israel estão seguros, decidirá pelo ataque (Ez.38:11).

Esta afirmativa bíblica explica porque a União Soviética nunca poderia ser a potência que invadiria Israel. Para que haja a invasão, a Bíblia diz que deveria haver um sentimento de segurança em Israel e a política soviética era, precisamente, a de causar intranquilidade no Oriente Médio, pois a Guerra Fria nada mais era que uma sequência de atitudes de instabilidade que tanto Estados Unidos quanto União Soviética semeavam nos demais países, a fim de favorecer ou enfraquecer os governos que lhes eram alinhados, ou não.

Enquanto perdurasse a Guerra Fria, jamais poderia haver clima favorável à paz no Oriente Médio e isto é uma condição indispensável para que haja este conflito entre Israel e Magogue.

Na verdade, desde o término da Guerra Fria, tem-se notado um realinhamento de forças no Oriente Médio, sendo certo que há uma nítida polarização, entre os árabes e muçulmanos da região, entre o Irã e a Arábia Saudita.

Isto faz com que Israel tenha tido uma aproximação com alguns países árabes, o que, até recentemente, era considerado impensável. Depois de ter feito acordo de paz com o Egito em 1978 e com a Jordânia em 1990, Israel entrou em acordo também com os Emirados Árabes Unidos e Bahrein em 2020, havendo, inclusive, pela vez primeira, a admissão por parte de governos árabes de que haja a reconstrução do templo por parte dos judeus em Jerusalém.

Verifica-se, também, uma posição de nítida diminuição de rivalidade contra Israel por parte tanto da Arábia Saudita como da Síria, o que também dá maior conforto aos israelenses. Tudo a indicar uma “sensação de segurança”, que é o primeiro fator da profecia de Ezequiel.

III – EVENTOS QUE PRENUNCIAM A GUERRA ENTRE ISRAEL E MAGOGUE

A profecia diz que haverá um aparente estado de paz na terra de Canaã, o que hoje é possível e os derradeiros acontecimentos têm se encaminhado para o estabelecimento de uma paz precária na região.

O texto sagrado afirma que, quando da guerra entre Israel e Magogue, os habitantes de Israel estarão habitando seguros e sem muros (Ez.38:8). Sabemos que Israel construiu um muro para isolá-lo dos territórios palestinos, muro este que foi, inclusive, objeto de desaprovação da Corte Internacional de Justiça. A principal exigência de Israel é ter garantias de segurança diante dos vizinhos e as atuais iniciativas diplomáticas estão a indicar uma “sensação de segurança”.

Verdade é que ainda muito falta para que se tenha um clima de paz entre Israel e árabes, mas o fato é que os acontecimentos estão se precipitando e o texto sagrado diz que isto acontecerá. Quando se sentir que há segurança, será a hora de vir a guerra promovida por Gogue. – Magogue (que é a Rússia) terá um chefe, ou seja, o regime político de Magogue será um regime centralizado, com um governante dotado de plenos poderes.

Neste ponto, vemos que a Bíblia continua se cumprindo em cada detalhe. A Rússia czarista era um regime centralizado, em que o czar, que era o imperador, era dotado de poderes quase que ilimitados, ainda que o regime servil existente desse grande poder aos chefes locais, aos nobres que controlavam os milhões de camponeses, que, a esta época, constituíam a maior parte da população.

Com o advento do comunismo, a situação, depois de um caos normal que se segue a toda situação revolucionária, não mudou muito. A “ditadura do proletariado”, como se autodenominou o regime comunista, era, realmente, uma ditadura, embora os donos do poder não fossem, como dizia a propaganda, os trabalhadores, mas, sim, a cúpula do Partido Comunista.

O regime ditatorial soviético manteve a mesma centralização de poder que havia caracterizado o regime czarista, de tal maneira que, como nunca, tivemos uma experiência que muito se aproxima da que será vivida pelo planeta durante o regime do Anticristo. O regime soviético controlava totalmente a sociedade e manteve sufocada, por longos 72 anos, a liberdade de expressão.

A queda do regime em 1989 trouxe a esperança da instituição de uma verdadeira democracia na Rússia. Nos primeiros anos, realmente, houve algum progresso no sentido de se criar um regime democrático na Rússia. Foram realizadas eleições e os comunistas foram nelas derrotados, embora ainda estejam organizados num partido político que ainda detém relativa importância no cenário político russo, tendo, então, prevalecido a corrente reformista que havia sido fundamental para o final do comunismo, corrente esta liderada pelo presidente da Rússia, Boris Ieltsin.

Cedo, porém, a tradição centralizadora e ditatorial da Rússia se fez sentir na Rússia. Ieltsin iniciou um aumento dos poderes presidenciais, o que foi intensificado pelo seu sucessor, o atual presidente, Vladimir Putin, cuja carreira, aliás, foi toda feita na temida KGB, a poderosa polícia secreta russa, que, segundo alguns, possui um verdadeiro império financeiro em todo o mundo, império que se manteve intacto com o final do comunismo.

Os conflitos étnicos e o terrorismo islâmico, notadamente na região da Chechênia, foram habilmente utilizados por Putin para centralizar o poder e ameaçar a própria existência da democracia na Rússia. Hoje, Putin é o inconteste “chefe da Rússia” e está, pouco a pouco, restaurando as fronteiras da antiga União Soviética, instituindo nos países que a formavam governos submissos e, quando não consegue isto, simplesmente invade tais países, como ocorreu com a Ucrânia.

Mas, além da existência de Gogue e de uma situação de segurança em Israel, o conflito entre Israel e Magogue exige que haja uma política de alianças entre a Rússia e outros países, que são identificados, na profecia de Ezequiel, como sendo, “persas e etíopes, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete, Gômer e todas as suas tropas, a casa de Togarma, da banda do norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.” (Ez.38:5,6).

O fato de o comunismo ter acabado não significou, como já dissemos supra, que a Rússia deixou de ter expressão no cenário político internacional. Tendo o segundo maior arsenal nuclear do planeta, sendo um dos maiores produtores de petróleo e sendo o maior país do planeta, a Rússia jamais pode ser menosprezada ou desconsiderada na política internacional, tanto que é um dos países que têm poder de veto e assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Embora a derrocada do comunismo tenha privado a Rússia do controle que detinha sobre a Europa Oriental (a chamada “Cortina de Ferro”), bem como sobre outras nações comunistas no Extremo Oriente, na África e até na América Latina (o caso de Cuba), isto não abalou os interesses estratégicos da Rússia com relação ao Oriente Médio, região muito próxima à Rússia e de grande importância para todo o mundo, pois é o verdadeiro “centro do mundo”, não só geográfica quanto economicamente, já que as principais jazidas petrolíferas encontram-se nesta região.

Os acontecimentos internacionais indicam claramente que a Rússia, embora tenha perdido a condição de superpotência mundial, é, ainda, um elemento-chave nas relações internacionais. É a principal fornecedora de gás para a Europa e, assim, embora tivesse se mantido distante do processo de unificação da Europa sob a União Europeia, mantendo uma política de colaboração para a construção de um sistema de segurança na Europa e no mundo, tem nítida influência sobre a região por conta de sua condição de fornecedora de gás para os europeus.

Seus interesses no Oriente Médio são conhecidos e respeitados pelas potências ocidentais, tanto que é sempre um dos interlocutores da implementação dos planos de paz na região. O primeiro aliado mencionado pelas Escrituras é o povo persa, ou seja, o Irã. E hoje a Rússia já é o principal aliado dos iranianos. Após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, o caminho natural do Irã foi o de uma aliança com a Rússia e com a China.

A Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o governo pró-americano que havia no Irã, fez com que o Irã se aproximasse da União Soviética, até porque o regime dos aiatolás passou a considerar os Estados Unidos como o “Grande Satã”. A vitória sobre o Iraque e a desconfiança que sempre houve entre os árabes e os iranianos (que, apesar de muçulmanos, não são árabes, mas persas), fez com que o governo iraniano iniciasse um programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear, que tem sido levado a efeito e que tornou o Irã o principal inimigo de Israel.

Tal aliança entre Rússia e Irã, portanto, já é um fato, mais um elemento da profecia de Ezequiel que já se vê. O segundo povo mencionado na profecia bíblica que se aliará à Rússia é a Etiópia. A Etiópia, desde a queda do imperador Hailé Selassié, em 1974, teve um governo marxista e, portanto, alinhado à extinta União Soviética, que foi derrubado em 1991.

Atualmente, o governo etíope é o resultado de uma frágil federação e que sofre por grandes dificuldades econômicas, sendo forte aliada da Rússia e da China, basta ver que os chineses puseram no comando da Organização Mundial de Saúde o etíope Tedros Adhanom, que ficou mundialmente conhecido por causa do combate à pandemia da COVID-19 e que mostra como já se tem total alinhamento deste país à Rússia e China.

Não devemos nos esquecer de que, apesar de ter um contingente considerável de cristãos coptas (cerca de 35% da população), a maior parte da população da Etiópia é constituída de muçulmanos (cerca de 50% da população), o que faz com que haja uma inclinação do país para uma guerra contra Israel.

O terceiro país aliado da Rússia na guerra contra Israel é a Líbia, que é a Pute do texto bíblico. A Líbia, que é um país árabe e cuja população é composta de 97% de muçulmanos sunitas, de 1966 até 2011 foi uma ditadura militar, liderada por Muamar Al-Khadaffi que, durante muitos anos, foi um dos principais financiadores dos terroristas árabes, em especial dos palestinos (os árabes que habitam na terra de Canaã), tendo tido sempre alinhamento com a União Soviética.

Com a queda de Khadaffi, a Líbia entrou em colapso e hoje o grupo hegemônico, que controla a maior parte do país é fortemente apoiado pela Turquia, que, como veremos, é um dos principais aliados da Rússia. A profecia bíblica que estes países, Irã, Etiópia e Líbia estarão com “escudo e capacete” (Ez.38:5), ou seja, a expressão bíblica indica que participarão da operação militar desencadeada pela Rússia com soldados, pois escudo e capacete são equipamentos utilizados pelos soldados, o que nos permite vislumbrar que se tratará de uma guerra convencional.

A expressão bíblica, também, informa-nos de que o apoio destes países, que não fazem fronteira com Israel, será com soldados que, de alguma maneira, serão transportados para a Terra Santa, o que, muito provavelmente, se dará mediante a poderosa frota naval e submarina que é possuída pelos russos ainda hoje. A próxima nação aliada mencionada pela profecia bíblica é Gômer, que é o filho mais velho de Jafé, irmão de Magogue (Gn.10:2), que teve três filhos, Asquenaz, Rifá e Togarma (Gn.10:3). Segundo Josefo, estes povos são os reginianos, os paflagonianos e os frígios (op.cit.v.1, p.29), ou seja, abrangem a região que hoje é a Turquia.

A Turquia é um dos países chave do Oriente Médio e que é dotado de peculiaridades especiais. Os turcos conquistaram toda a região do Oriente Médio ao término da Idade Média, tanto que foi a invasão e conquista turca de Constantinopla, em 1453, que pôs fim ao Império Romano do Oriente, que se constitui no marco histórico que encerrou a Idade Média. – O Império Otomano, que se consolidou com esta conquista, foi uma das grandes potências orientais, até 1918, quando surgiu a Turquia moderna, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, pois os turcos lutaram, naquela guerra, ao lado dos alemães.

A história do Império Otomano, que chegou a ter em seu poder boa parte da Europa Central e Europa Oriental, sempre foi uma história de beligerância seja com as potências europeias ocidentais, principalmente França e Grã Bretanha, seja com a Rússia. A Turquia, um país majoritariamente islâmico, foi o primeiro país islâmico a se secularizar, ou seja, a instituir uma organização política desprendida da religião islâmica, o que fez com que se aproximasse do Ocidente como nenhum outro país muçulmano do Oriente Médio.

Na Guerra Fria, os turcos acabaram se aproximando dos Estados Unidos e, inclusive, ingressaram na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental construída contra a União Soviética, apesar de suas divergências antigas com a Grécia, o que causou uma das maiores crises político militares do Ocidente no caso de Chipre, onde defendeu e chegou a ocupar a parte daquela ilha que é formada por maioria turca.

As coisas começaram a mudar na Turquia quando chegou ao poder o seu atual presidente, Recep Tayyip Erdogan, que começou a promover a islamização do país, com o objetivo de fazer ressurgir o “califado”, que era a condição existente durante o Império Otomano em que eram os turcos quem comandavam o mundo islâmico.

Nesta islamização, a Turquia aproximou-se da Rússia, que se tornou a principal aliada dos turcos, que se distanciaram dos europeus quando foram impedidos de entrar na União Europeia. A Turquia, nesta islamização, afastou-se, também, de Israel, de quem foi um aliado de primeira hora a partir de 1948 e, atualmente, é inimiga dos israelenses, estando a criticar e a tomar providências contra os planos de construção do gasoduto que mandaria gás para a Europa, até porque Israel se tem alinhado com a Grécia, tradicional adversária dos turcos.

Como se não bastasse isso, recentemente foi anunciado um acordo militar entre Rússia, Turquia e Irã, como se pode verificar nestes vídeos do professor universitário Bellei: https://www.youtube.com/watch?v=lKx3B1dVU4U&t=35s (Gogue e Magogue já estão perto de Israel) e https://www.youtube.com/watch?v=yMK9jdbSjgQ (Aliança Israel-Emirados Árabes é um duro recado à Turquia). Vemos, portanto, que a profecia de Ezequiel, no tocante à formação das alianças de Magogue está já cumprida e com movimentos recentes, a indicar a proximidade deste evento.

IV – QUANDO SE DARÁ A GUERRA ENTRE ISRAEL E MAGOGUE, SUA MOTIVAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS ESCATOLÓGICAS

A profecia bíblica indica que a guerra entre Israel e Magogue se dará “no final dos anos”, o que, como já salientamos, diz respeito ao período escatológico, às últimas coisas.

A Bíblia relata que se estará uma época de sensação de paz na Terra Prometida, ou seja, de uma pretensa paz, o que nos permite dizer que esta guerra se dará ou no período imediatamente anterior ao início da Grande Tribulação ou, mesmo, já no limiar da Grande Tribulação.

Na profecia das setenta semanas de Daniel, é dito que, após a retirada do Messias, haveria a destruição da cidade e do santuário, bem assim “…e até o fim haverá guerra e estão determinadas assolações” (Dn.9:26).

Esta descrição do profeta se dá entre a retirada do Messias, que pôs fim à sexagésima nona semana, e antes do anúncio do pacto entre o Anticristo e Israel na última semana. Portanto, a existência de guerras em Jerusalém e a vinda de assolações sobre os que nestas guerras estarão envolvidos é uma característica do período em que o “relógio de Israel está parado”, ou seja, desde o início da dispensação da graça até o instante em que o Anticristo celebrar o seu acordo de paz com o povo de Israel.

A guerra predita em Ezequiel 38 e 39 é uma das guerras deste período e toda a profecia demonstra que Deus usará esta guerra para levar a juízo estas nações que têm uma longa história de perseguição e de luta contra o povo judeu.

Por isso, vê-se, claramente, que a guerra entre Israel e Magogue se encontra inserida no instante histórico em que Deus estará fazendo um acerto de contas com os inimigos de Israel, mostrando ao mundo que é o Deus de Israel e que Israel é Seu povo escolhido.

Desta forma, cremos que esta guerra ocorrerá no limiar da Grande Tribulação, que é o instante determinado por Deus para este ajuste de contas, quando o relógio do tempo volta a correr em relação a Israel, o que somente se dará após o arrebatamento da Igreja.

Mas por que a Rússia iria atacar Israel? Dentro das modificações que estão ocorrendo no final da dispensação da graça no cenário político internacional, a Rússia está em situação extremamente difícil.

Haverá um fortalecimento da União Europeia, que precisa consolidar sua supremacia e estar pronta para entregar o poderio ao Anticristo e, de outro, as movimentações diplomáticas no Oriente Médio estão a obrigar um posicionamento mais forte por parte da Rússia e de seus aliados . Gogue não terá outra alternativa senão recorrer à guerra para modificar este estado de coisas contrário a seus interesses.

Não nos esqueçamos, aliás, que, recentemente, em pleno período agudo da pandemia do COVID-19, Israel fez um acordo com a Grécia para a construção de um gasoduto que levará gás natural descoberto no mar territorial de Israel (mais precisamente, na bacia de Leviatã) para a Europa, o que diminuirá sensivelmente a dependência europeia do gás russo, que é um fator complicadíssimo para os europeus, como se vê nesta guerra que está ocorrendo entre Rússia e Ucrânia. Toda guerra tem sempre uma motivação econômica determinante.

OBS: Sobre o acordo entre Israel e Grécia veja este vídeo do professor universitário Bellei – https://www.youtube.com/watch?v=lY5nAMTGPoQ (Sinais de Gogue e Magogue: Turquia dá ultimato a Israel). – A Bíblia é clara ao anunciar que a motivação primordial de Gogue são os recursos da terra de Canaã, pois, como diz o profeta Ezequiel, a guerra será feita “… a fim de tomar o despojo e de arrebatar a presa (…) contra o povo que tem gado e possessões, e habita no meio da terra” (Ez.38:12).

É dito, ainda, na profecia que Sebá, Dedã e os mercadores de Társis e todos os seus povoados (é este o significado do termo “leõezinhos” em Ez.38:13) dirão a Gogue: “Vens tu para tomar o despojo? Ajuntaste o teu bando para arrebatar a presa? para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e as possessões para saquear grande despojo?” (Ez.38:13).

Ora, “Sebá, Dedã e os mercadores de Társis” é uma expressão bíblica que indica não só os povos aliados de Gogue (Sebá e Dedã estão associados a Cusi ou Cuxe, ou seja, aos etíopes – Gn.10:7, I Cr.1:9 , comerciantes ativos no Oriente – Ez.27:15,20), como também os árabes (os mercadores de Társis tanto são associados aos comerciantes do norte da África, às colônias fenícias fundadas ao longo do Mar Mediterrâneo quanto às tribos árabes nômades com suas famosas caravanas no tempo do profeta e que só deixaram o nomadismo com o surgimento de Maomé), a indicar, claramente, que o interesse de Gogue será, sobretudo, econômico nesta invasão.

Vivendo um regime ditatorial e se vendo sem condições de subsistir dentro de concessões favoráveis na região do Oriente Médio, não restará a Gogue senão recorrer à guerra para tentar impor pela força um estado favorável à sua economia, precisamente como fez recentemente em relação à Ucrânia.

Como bem salientou o pastor Abraão de Almeida em seu “Israel, Gogue e o Anticristo”: “ Por que a Rússia invadiria Israel ? Não é difícil responder a esta pergunta.(…) A Rússia não desconhece, também, as potencialidades econômicas que representam o petróleo palestino e outros produtos minerais de inestimável valor para a indústria química.” (5.ed.atualiz., p.114).

Além deste objetivo econômico, a conquista da terra de Canaã representará para a Rússia, a esta época, a única alternativa para fazer frente ao crescimento vertiginoso da União Europeia, o Império Romano restaurado, pois, assim, não só terá um papel proeminente no chamado “centro do mundo”, como também, até do ponto-de-vista religioso, poderá impor na região uma supremacia cristã ortodoxa.

Depois da derrocada do regime soviético, a Igreja Ortodoxa Russa readquiriu um lugar de destaque na Rússia, que só tem aumentado desde então. Como afirmou, em entrevista ao jornalista italiano Pierlucca Azzaro, o reitor da Universidade Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Antaloiy Turkonov, “…Na Rússia, a Igreja cristã ortodoxa e a diplomacia governamental têm uma relação forte, e essa relação faz com que a ação diplomática seja marcada por uma maior moralidade, que supera o pragmatismo e as lógicas de poder. Já é praxe comum que os líderes da diplomacia da Federação Russa frequentem o patriarcado. Essa é também a chave de leitura da recente visita do patriarca Aléxis II ao nosso Ministério das Relações Exteriores.

O patriarca nos alertou para o perigo particularmente insidioso implícito nas ilações sobre o presumido conflito global de civilizações, entre o mundo muçulmano e o mundo cristão. Na realidade, trata-se de um conflito em que estão interessados apenas círculos restritos de radicais, de um lado, e de forças que buscam especular sobre esse conflito, de outro.

A Igreja Ortodoxa russa, com sua experiência multissecular de colaboração entre os cristãos ortodoxos e o mundo muçulmano, quer dar sua grande contribuição, no mínimo preciosa, para afastar a hipótese desse conflito de civilizações, pregando a tolerância e assumindo o compromisso de educar as jovens gerações para o respeito da pessoa e para o valor supremo da vida humana.…” (30Dias. O novo primado da política externa.(28 set.2004) http://www.google.com/search?q=cache:YR4DzYXjXkJ:www.30giorni.it/br/articolo.asp%3Fid%3D3905+%22patriarca+de+Moscou%22&hl=pt-BR Acesso em 24 nov.2004).

A Igreja Ortodoxa Russa, aliás, tem sido extremamente resistente ao movimento ecumênico desenvolvido pelo Vaticano, tendo, inclusive, ameaçado de se retirar do Conselho Mundial das Igrejas mais de uma vez.

Vemos, portanto, que a derrota de Gogue representará, também, o desaparecimento do único foco de resistência ao ecumenismo no chamado “cristianismo apóstata”, qual seja, o do ramo ortodoxo alinhado à Igreja Ortodoxa Russa, deixando o caminho aberto para o trabalho do Falso Profeta.

Como se não bastasse isso, temos que a guerra entre Israel e Magogue tem dois efeitos que têm tudo a ver com o programa bíblico previsto para a ascensão ao poder do Anticristo, através do Império Romano restaurado. Senão vejamos.

Com a guerra, Magogue será fragorosamente derrotado, assim como seus aliados. A derrota militar, conforme é descrito na Bíblia, será acachapante, porque será desencadeada por uma intervenção divina, o que surpreenderá o mundo e deixará todas as nações boquiabertas (Ez.39:1-7).

Não é de se admirar que isto ocorra, pois não foi outra coisa o que aconteceu na chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel, de forma verdadeiramente sobrenatural, derrotou os árabes e conquistou os territórios que nunca mais lhe foram tomados, seja porque hoje os mantêm em seu poder (Faixa de Gaza, Cisjordânia, colinas de Gola e Jerusalém), seja porque os devolveu espontaneamente por força de acordo de paz (a Península do Sinai, devolvida ao Egito em 1977).

Esta intervenção divina, também, faz-nos entender até uma inexplicável falta de menção na Bíblia de uma reação dos muçulmanos ao desaparecimento do complexo de Al-Acsa, que é necessário para que ressurja e seja mantido o templo de Jerusalém.

Gogue e Magogue são mencionados no Corão como sendo um povo perigoso, violento, sobre o qual um servo de Deus construiu uma muralha para impedi-lo de se chegar até os fiéis (18:83-98). No entanto, segundo o texto sagrado dos muçulmanos, nos últimos dias, Deus permitirá que a muralha seja transposta e que muitos infiéis sejam destruídos (21:96).

Assim, os muçulmanos interpretarão a derrota de Gogue como sendo esta vingança divina vaticinada no Corão e, assim, de alguma maneira, aceitarão a vitória militar israelita como o cumprimento da vontade de Alá, até porque os russos não são muçulmanos e, portanto, aos olhos dos árabes, infiéis, destinados ao castigo divino, até porque o atual governo russo, desde a crise da Chechênia (uma das repúblicas russas), tem atacado duramente os muçulmanos radicais em seu território.

Diante desta vitória militar indiscutível, Israel sairá extremamente fortalecido no cenário político internacional, o que lhe dará forças para assinar um tratado de paz com a potência que, então, estará sendo governada ou a ponto de ser governada pelo Anticristo.

É importante observar que uma potência só sela um tratado com outro país, de igual para igual, quando este outro país demonstra força e a vitória militar de Israel sobre a Rússia e seus aliados será uma grande demonstração de força, que impedirá qualquer reação por parte dos países vizinhos, que, aliás, não terão participado da peleja, pois já estarão compromissados com uma paz com Israel, como já temos visto.

Assim, esta guerra tem uma consequência inevitável: o fortalecimento de Israel e a criação das condições para que mantenha um templo em Jerusalém e restabeleça o seu culto, bem como tenha uma existência independente do sistema econômico da besta, pelo menos em termos de combustível (cfr. Ez.39:9,10), sem que o Anticristo possa, de imediato, se opor a isto, diante do quadro político surgido da vitória militar.

O segundo efeito é a própria derrota militar da Rússia e de seus aliados. A derrota na guerra contra Israel enfraquecerá a Rússia de tal sorte que, somente assim, poderá o Anticristo impor as suas condições sobre ela. A Rússia é o maior temor da União Europeia, que não tem meios para enfrentar o “grande urso” (assim é chamada a Rússia). Entretanto, ante a derrota militar que sofrerá, a Rússia perderá todo o seu poderio militar e terá de se submeter ao poderio do Anticristo.

Assim, esta guerra tem uma segunda consequência inevitável: o enfraquecimento da Rússia e a sua retirada do caminho do Anticristo para a instituição de um governo mundial.

Por isso, ainda que se apresente improvável nos dias atuais (se bem que não tão improvável assim…), o fato é que haverá uma invasão russa na Terra Prometida que estará desfrutando de uma momentânea paz, a fim de que se criem as condições para que Israel desponte no cenário político internacional como uma nação respeitada do ponto-de-vista militar e para que a Rússia deixe de ser uma potência cujo poderio político militar possa fazer frente à União Europeia.

A guerra entre Israel e Magogue, portanto, é um evento escatológico importante, do início da Grande Tribulação, que será um dos principais fatores ao nascimento do pacto entre o Anticristo e Israel, no início da última semana de Daniel.

Assim, logo no limiar deste período em que Deus tratará com Israel, Deus mostrará toda a Sua benevolência para com os israelitas, dando-lhes uma acachapante vitória militar e revelando a Sua justiça, derrotando povos que se notabilizaram pela perseguição a Israel.

Desta forma, os movimentos políticos e militares da Rússia devem ser alvo da atenção da Igreja, pois a Rússia se constitui numa das importantes árvores para as quais devemos olhar e que nos mostram nitidamente que a nossa redenção está próxima.

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

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