EBD Revista Editora Betel | 4° Trimestre De 2024 | TEMA: OS DEZ MANDAMENTOS – Estabelecendo Princípios e Valores Morais, Sociais e Espirituais Imutáveis para uma Vida Abençoada | Escola Biblica Dominical | Lição 05: Lembra-te do dia de sábado: Administrando com sabedoria o trabalho, descanso e devoção
TEXTO ÁUREO
“E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Marcos 2.27
VERDADE APLICADA
Priorizamos, com confiança e alegria, momentos para adorar ao Senhor, buscá-Lo de coração e cultivar a comunhão com Ele.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Mostrar a interpretação bíblica do sábado.
Expor o verdadeiro descanso oferecido por Deus.
Ensinar algumas lições acerca do sábado.
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TEXTOS DE REFERÊNCIA
ÊXODO 20
8- Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9- Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra,
10- Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas.
11- Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Êx 16.23-29 Sábado: dia do repouso da nação de Israel.
TERÇA | Dt 5.12-15 Dia do sábado: mandamento para Israel.
QUARTA | Mt 11.29 Cristo é o verdadeiro descanso para a alma.
QUINTA | Jo 4.34 O cristão deve fazer a vontade de Deus.
SEXTA | CI 1.16 Tudo foi criado por Ele e para Ele.
SÁBADO | Tg 4.8 É preciso se chegar a Deus.
HINOS SUGERIDOS: 93, 409, 432
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que desfrutemos do verdadeiro descanso proporcionado por Deus.
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1- Interpretando o dia de sábado
2- Entendendo o descanso dado por Deus
3- Algumas lições e esclarecimentos
Conclusão
INTRODUÇÃO
Há muitos comentários sobre o quarto mandamento que têm sido causa de discordância e confusão na mente de muitos, por não considerarem toda a Palavra de Deus para um entendimento apropriado. Assim, veremos na presente lição o que a Bíblia revela desde o princípio da criação, passando pela entrega dos Dez Mandamentos, o entendimento dos mestres da Lei e o ensino de Jesus Cristo, os escritos apostólicos e finalizando com algumas lições que podemos extrair a partir do presente estudo.
PONTO DE PARTIDA: Deus é soberano sobre todas as coisas.
1- Interpretando o dia de sábado
Num mundo capitalista onde o tempo é escasso para tudo, inclusive a família, o quarto mandamento nos instrui a resgatar a ideia priorizarmos um tempo para descanso, lazer, adoração, como expressão de nossa plena confiança no Senhor e gratidão por Seu constante cuidado.
1.1. O princípio do sábado. No grego a palavra “sábado” é “sabbaton”, sua raiz é o verbo “cessar”. O duplo “B” no “sabbaton” é uma forma intensificada, por isso é uma cessação completa. Foi assim que Deus definiu o dia de sábado em Gênesis 2.2-3. Ele cessou completamente a obra da criação. Desde então, o sábado veio a se referir a esse dia em que as pessoas cessam de trabalhar. É o que nos ensina o Antigo Testamento. No sábado não se trabalha, se descansa. Era para ser um dia de alegria, foi feito para o homem, um dia de descanso, recuperação, restauração e adoração. Originalmente, o sábado era um dia de descanso e esse propósito foi mantido na lei mosaica (Êx 16.23-29; 31.14-16; 35.2-3; Dt 5.12-15; Ne 13.15- 22; Jr 17.21-27]. A observância do sábado era o “sinal” da aliança entre Israel e o Senhor [Êx 31.13].
Kevin DeYoung (Os Dez Mandamentos, Vida Nova, 2020, p. 72-73): “Como muito da teologia, uma compreensão adequada do Sabbath começa em Gênesis. Lemos em Gênesis 2.3 que “Deus abençoou o sétimo dia e o santificou”. O princípio do Sabbath, portanto, não foi inventado por Moisés após o êxodo. (…) Êxodo 20.8 nos chama a lembrar o dia de Sabbath, sugerindo que o Sabbath não estava sendo chamado à existência no monte Sinai. “Lembra-te” é mais do que uma palavra mental na Bíblia. Significa recordar e colocar em prática. Lembrar-se do dia de Sabbath era reconhecer o princípio do Sabbath na criação e reconhecê-lo em si mesmo.”
1.2. O sábado na visão dos mestres da lei. Os mestres da lei transformaram o dia de sábado no pior dos pesadelos. Criaram regras infinitas e impossíveis. A ideia era que, quanto mais privações se tivesse no sábado, mais santa a pessoa se tornava. Eles guardaram suas regras ferozmente, exigindo que cada pessoa em toda a nação as observasse e, desse modo, transformaram o sábado em um fardo impossível de carregar, o que, sem dúvida, nada tinha a ver com o propósito original [Mt 15.6; Mc 7.9].
Por um lado, estava claro que eles não entendiam o propósito de Deus para o sábado e, por outro, não tinham medo de enterrar a verdadeira Palavra de Deus sob uma série de tradições ridículas de sua própria criação. E depois de fazer isso, eles se estabeleceram como juízes espirituais da nação, julgando os homens de acordo com suas próprias tradições humanas (Mc 7.13]. Na realidade, embora aparentassem ser homens tementes a Deus, usavam seus próprios critérios religiosos acima das Escrituras.
1.3. O sábado na visão de Jesus Cristo. Jesus realizou algumas coisas no sábado. Isso confrontou o sistema religioso de Sua época, levando Jesus a ser advertido pelos fariseus [Lc 6.2]. Ele foi acusado de desafiar abertamente a autoridade religiosa dos fariseus. Jesus lhes conta o que aconteceu com Davi num dia de sábado e lhes chama a atenção anunciando que é o Senhor do sábado [1Sm 21.1-6; Mc 2.25-28]. A lei dizia que “o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus” [Êx 20.10] e agora Jesus diz que Ele é o Senhor do sábado, ocupando claramente a posição que só pode pertencer a Deus. Em outras palavras, Jesus havia dito: “Sou o soberano deste dia. Eu projetei este dia. Eu sou o Criador” [Jo 1.3; Cl 1.16]. Foi Ele quem descansou no sábado e o abençoou. Ele é soberano sobre o sábado e é Ele quem interpreta toda a vontade de Deus para este dia.
Dewey M. Mulholland (Marcos Introdução e comentário, Vida Nova, 1999, p. 64) comenta sobre Marcos 2.27-28: “Jesus estabelece a premissa básica sobre o real propósito do sábado, um princípio já ilustrado na experiência de Davi: “O sábado foi feito para o homem; e não o homem para o sábado”. O sábado foi destinado a suprir as necessidades da humanidade em relação a Deus: é um dia de renovação em santidade [Êx 31.12-17]. O sábado também enfatizava os relacionamentos humanos e a justiça social [Dt 5.12-15]. (…) O Evangelho liberta aqueles que têm sido manipulados pelo legalismo religioso.”
EU ENSINEI QUE:
O quarto mandamento nos instrui a resgatar a ideia priorizarmos um tempo para descanso, lazer, adoração, como expressão de nossa plena confiança no Senhor e gratidão por Seu constante cuidado.
2- Entendendo o descanso dado por Deus
O propósito de Deus ao estabelecer o dia de sábado era trazer bênção ao homem, concedendo -lhe um merecido descanso de seu trabalho. Nosso maior problema hoje é separar um tempo para isso e entender que tudo o que Deus faz é para o nosso bem-estar.
2.1. Deus concluiu a obra da criação. O termo “descanso”, usado em Gênesis 2.3, não fala de cansaço, porque Deus nunca se cansa. Ele poderia ter criado mais mil universos e não sentir nenhum cansaço [Jo 5.17]. Como um artista que, depois de terminar seu trabalho, se assenta para contemplá-lo, não porque esteja cansado, mas porque quer apreciar a obra realizada, assim fez Deus. Observe que repetidas vezes vemos essa mesma frase: “E Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom” [Gn 1.31]. Desde a criação, o sábado se tornou um modelo e uma forma natural para toda a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as máquinas necessitam parar para manutenção e assim por diante [Lv 25.4].
O sétimo dia da criação revela a necessidade natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação, mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a Deus [Ec 3.13].
2.2. Precisamos descansar. A busca pela sobrevivência ou por uma realização profissional tem afastado vorazmente o ser humano de sua casa e de Deus. São tantos afazeres que um dia de quarenta horas ainda pediria mais tempo. Tudo isso nos leva a pensar que não precisamos apenas de um dia de descanso, mas também da capacidade de descansar. Mas como fazê-lo se estamos sempre acompanhados da sensação de que tudo o que fazemos é incompleto e imperfeito? Isso para nós seria impossível, a menos que descansássemos nas obras que Cristo já realizou por nós [Jo 19.30]. Ele sofreu por nossos pecados para nos dar perdão e paz. Ele tomou sobre si nossos pecados e falhas; todas aquelas coisas que fizemos errado ou deixamos incompletas. O que não conseguimos, Ele conseguiu por nós, de tal forma que aqueles que confiam nEle podem vir a desfrutar do verdadeiro descanso de Deus.
O trabalho não deve se tornar um fim em si mesmo, uma ocasião para se escravizar ou escravizar os outros; o trabalho visto sob a ótica da criação de Deus não pode nos roubar o tempo da adoração. O quarto mandamento nos diz para não esquecer a grande obra de Deus na criação e na redenção. Esquecer isso é esquecer de adorá-lo por nos criar e nos salvar [Gn 2.1-3].
2.3. Descanso e adoração. Deus ordenou um dia de descanso para que todos desfrutem. Mas qual a maneira certa de agradar a Deus? Deus nos deu seis dias para cuidar de tudo aquilo que é concernente às nossas vidas e reservou para Ele um dia em especial [Êx 20.9-10]. Esse mandamento foi dado aos israelitas para lembrá-los que seu relacionamento com Deus era especial. Nenhuma outra nação poderia dizer que o Senhor era seu Deus, nenhuma outra guardava o sábado. Somente os israelitas guardavam o sábado como um dia de adoração ao único Deus, que era também seu Salvador e Senhor. É preciso atenção para não sermos sufocados no corre-corre da vida, nos esquecendo de que somos plenamente dependentes de Deus, amados e cuidados por Ele.
Comentário Histórico-Cultural da Bíblia Antigo Testamento, Vida Nova, 2018, p. 120: “Não se conhece nenhum conceito equivalente à guarda do sábado nas culturas do antigo Oriente Próximo. Seu caráter peculiar se deve ao fato de não estar associado a nenhum padrão ou ciclo da natureza.. Portanto, a lei estabelecia reservar um dia para cessar os trabalhos, ou seja, as atividades normais de cada um. Um tempo de descanso, alegria, apreciar e admirar as obras de Deus, em adoração e louvor. Um apropriado antídoto contra o ativismo desenfreado, sufocante e ganancioso.
EU ENSINEI QUE:
O propósito de Deus ao estabelecer o dia de sábado era trazer bênção ao homem, concedendo-lhe um merecido descanso de seu trabalho.
3- Algumas lições e esclarecimentos
Considerando o exposto nos tópicos anteriores, veremos alguns esclarecimentos necessários sobre o presente assunto e algumas lições preciosas para o viver do discípulo de Cristo firmado na perfeita obra redentora de Jesus Cristo e na revelação da Palavra de Deus.
3.1. Lembra-te do que Deus preparou para os fiéis. Vemos em Gênesis 2.2-3 o registro da conclusão da obra divina da criação. Duas expressões são usadas pelo escritor inspirado pelo Espírito Santo: “acabado” e “descansou”. Ou seja, Deus concluiu, cessou. Expressões que apontam para realização cumprida. Não se trata de Deus está inativo. Pois Ele sustenta e interage com Sua criação. Derek Kidner (Gênesis – introdução e comentário, Mundo Cristão e Vida Nova, 1979, p. 50) comenta: “Podemos compará-lo com o simbolismo desta descrição: Jesus “assentou-se” depois de consumar a redenção [Hb 8.1; 10.12], para dispensar benefícios aos Seus.”. “Lembra-te” da bênção do repouso, descanso. Separe (“santificar”) um tempo para desfrutar do que o Bom Deus, descansar confiando em Deus como nosso provedor, mantenedor, protetor. Em uma rotina tão intensa, priorize momentos de adoração. Buscar o reino de Deus e a Sua justiça [Mt 6.33].
O trabalho jamais deveria roubar o tempo que deve ser dado à família, ao lazer e a nós mesmos para uma renovação de forças e ideias. Vivemos em um mundo capitalista que pouco a pouco vai nos tornando ansiosos e ocupados cada vez mais com os afazeres. Quando o trabalho toma o tempo de Deus, da família e da alma, está na hora de agirmos. Devemos resgatar a ideia de guardarmos um tempo para o descanso da mente e do corpo, da consagração a Deus e do lazer [Sl 37.5; 119.10].
3.2. Por que domingo e não sábado? O que significa o quarto mandamento para o cristão? O que mudou? O sábado do Antigo Testamento era uma sombra de coisas futuras, apontava para o repouso completo e final que só podemos encontrar em Jesus Cristo [Cl 2.16-17]. Jesus deu um novo significado ao trabalho e ao descanso. Jesus veio ao mundo para concluir a obra do Pai e, com base nesse trabalho, pode dar descanso às nossas almas [Mt 11.29; Jo 4.34]. Os israelitas olhavam para trás rememorando a criação e a redenção [Dt 5.12-15]. Mas nós olhamos para Jesus que realizou um êxodo ainda mais poderoso. Jesus é o cumprimento do sábado, como também de todos os outros mandamentos. Tradicionalmente, os cristãos realizavam seus principais cultos corporativos de adoração aos domingos, o primeiro dia da semana, em celebração da ressurreição de Cristo, que ocorreu em um domingo [Mt 28.1; Mc 16.2; Lc 24.1; Jo 20.1].
É importante entender que não existe uma ordem bíblica explícita de que sábado ou domingo seja o dia de adoração. Textos como Romanos 14.5- 6 e Colossenses 2.16 dão aos cristãos liberdade para observar um dia especial ou para observar cada dia como especial. O desejo de Deus é que O adoremos e O sirvamos continuamente, todos os dias, não apenas no sábado ou domingo.
3.3. Princípios preciosos para o nosso viver. A grande lição que aprendemos aqui é que o Senhor deseja que dediquemos a Ele um tempo especial de adoração. E quem deverá sair ganhando com isso? Claro que somos nós. Deus deseja se relacionar conosco, nos ouvir e, também, falar aos nossos corações [Tg 4.8]. Para que isso aconteça precisamos parar, Deus não nos chama para estabelecer esse tempo por força. Esse mandamento nos ensina a ter ética de lazer, assim como uma ética de trabalho [Ec 3.1]. Aponta, também, para descansarmos na obra consumada por Nosso Senhor Jesus Cristo [Hb 4.3]. Descansar confiando, sem receios, pois o Senhor provê e cuida. Somos dependentes dEle.
Vemos que os cristãos não são obrigados a seguir regras rígidas quanto à observância de algum dia da semana para adoração [Rm 14.5-6]. O congregar é importante e enfatizado [Hb 10.25]. É notório que não há um texto no Novo Testamento que ordene aos discípulos de Cristo a guarda do sétimo dia. Descansemos, pois, confiantes na obra consumada por Cristo na cruz. Permaneçamos firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” [Gl 5.1]. Andando em Espírito, à luz da Palavra de Deus, desfrutando com ações de graças o que o Bom Deus preparou para os fiéis, sabendo que Poderoso é o Senhor para continuar nos guardando para a herança “guardada nos céus” para nós [1Tm 4.3-4; Cl 2.16-17; 1Pe 1.4].
EU ENSINEI QUE:
Em uma rotina tão intensa, devemos priorizar momentos de adoração.
CONCLUSÃO
A vida poderia ser muito mais saudável e feliz para todos nós se, em vez de nos ocuparmos tanto com as coisas da vida, corrêssemos para os braços de Deus, no afã de adorá-Lo e conhecê-Lo melhor a cada dia.
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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
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