SUBSÍDIO EBD Lição 02: A Deturpação da Doutrina Biblica do Pecado | 3º Trimestre de 2023 – Subsídios Escola Biblica Dominical das Lições Bíblicas Adultos CPAD: TEMA: A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia
LIÇÃO Nº 2 – A DETURPAÇÃO DA DOUTRINA BÍBLICA DO PECADO
O mundo procura fugir da realidade do pecado.
INTRODUÇÃO
Iniciando o estudo dos embates entre a Igreja de Cristo e o império do mal, analisaremos hoje a distorção da doutrina bíblica do pecado. O mundo procura fugir da realidade do pecado.
I – A ORIGEM DO PECADO
Depois de termos visto a oposição entre a Igreja de Cristo e o império do mal, como o espírito da Babilônia nada tem que ver com a Palavra de Deus, assim como a mentira nada tem que ver com a verdade, passaremos a analisar diversos pontos em que se manifesta esta contraditoriedade. O primeiro deles diz respeito à distorção da doutrina bíblica do pecado. Como diz Salomão, “há alguma coisa de que se possa dizer: vê, isso é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós” (Ec.1:10).
Sendo um sistema forjado por Satanás, o mundo, o que se está a denominar em nosso trimestre de “império do mal”, “espírito da Babilônia”, não poderia ter outra premissa senão a mentira, a mesma mentira com que Satanás enganou o primeiro casal no Éden. O Senhor havia dito ao homem que, se ele comesse do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, morreria (Gn.2:16,17) e, ao fazê-lo, indicou claramente que havia o bem e o mal e que a prática do mal seria desobediência e que isto, que nada mais é que o pecado, traria a morte para o homem. O diabo, entretanto, mentiu a Eva, dizendo que não haveria morte alguma, que a prática da desobediência traria a independência em relação a Deus, poder e que, com isto, o homem seria igual a Deus (Gn.3:5).
Nota-se, pois, que a mentira satânica envolvia a descrença na ideia de pecado e a concepção de que o pecado traria benefícios em vez da morte. Desde então, esta estratégia do inimigo tem se repetido, geração após geração, fazendo com que o homem não acredite que o pecado exista e que traz a morte, a perdição eternas. A palavra “pecado” surge, pela vez primeira, nas Escrituras, na Versão Almeida Revista e Corrigida, em Gn.4:7, onde o Senhor adverte Caim de que ele deveria dominar sobre o pecado, sob pena de ser dominado por ele. Tem-se, pois, a dura realidade advinda da queda do primeiro casal, que fez com que os homens passassem a viver o estigma do pecado, a ter uma constante luta contra ele.
No entanto, quando vemos a narrativa bíblica da Criação, vemos que Deus não havia criado o pecado. Em Gn.1 e 2, vemos que Deus criou todas as coisas, nos céus e na terra, mas que tudo quanto havia criado era bom, muito bom (Gn.1:31). Como, então, explicar que tenha vindo a existir o pecado e o mal? É esta, sem dúvida, uma das principais questões que devem ser enfrentadas pelo estudioso das Escrituras. Se Deus fez tudo bom, como é que existe o mal? – Esta questão teológica e filosófica, conhecida como “o problema do mal”, é, sem dúvida, o primeiro ponto a ser enfrentado pela doutrina do pecado.
O pecado é algo mal, é algo que nos separa de Deus (Is.59:2). Como, então, entender o seu aparecimento, se tudo o que Dez fez foi bom? – Devemos observar que Deus, ao criar todos os seres, dotou alguns deles de livre-arbítrio, ou seja, da liberdade de escolher entre o bem e o mal. Deus é bom (Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19) e, por isso, tudo quanto criou é bom (Gn.1:31), mas, ao criar os anjos e os homens, dotou-os do poder de escolher entre servir ou não servir a Deus. – Vemos isto nitidamente na narrativa bíblica da criação do homem. Após ter posto o homem no jardim que formara no Éden, Deus disse ao homem que ele estava autorizado a comer de todas as árvores do jardim, menos da árvore da ciência do bem e do mal, pois, no dia em que comesse daquela árvore, certamente ele morreria (Gn.2:16,17).
Vemos, portanto, que o mal já existia como uma possibilidade para o homem, mesmo antes que pecasse. Como ser moral que era, o homem já foi feito sabendo o que era o bem e o que era o mal. O bem era obedecer a Deus, servir-lO, observar as Suas regras. O mal seria desobedecer a Deus, servir a si próprio, não observar as regras divinas. – Quando Deus assim Se dirigiu ao homem, certamente já ocorrera o início do pecado na ordem cósmica, pois o pecado não surgiu com o homem, mas, sim, com o querubim ungido.
A narrativa bíblica mostra-nos que, num determinado instante no passado remoto, o querubim ungido, que estava estabelecido num lugar que a Bíblia denomina de monte santo de Deus (Ez.28:14), tendo, também, liberdade de escolha, quis, desejou ser maior do que Deus (Is.14:13,14) e, neste seu desejo, nesta sua vontade, transgrediu as regras divinas, desobedeceu a Deus e quis servir a si próprio, motivo por que nasceu o pecado, foi achada iniquidade no seu interior (Ez.28:16). O pecado aparecia na ordem cósmica, a possibilidade de pecar, que já fora criada por Deus quando concedeu o livre-arbítrio aos anjos, tornava-se uma triste realidade.
É por isso que o profeta Isaías, em texto que intriga a muitos, diz que “Deus criou o mal” (Is.45:7), expressão cujo significado é de que Deus, como é o Criador de todas as coisas, não poderia deixar de ser fonte do mal e do pecado, sob pena de ter sido possível a criação de algo no universo que não tenha sua origem em Deus. Mas como Deus, que é bom, pode ter vindo a criar o mal? Porque Deus fez a anjos e a homens com o livre arbítrio, com a liberdade de escolher entre servi-l’O, ou não. Assim, estes seres, ao serem criados, tinham a possibilidade de desobedecer a Deus e, portanto, o pecado já existia como uma possibilidade.
Enquanto possibilidade, o mal, portanto, tem sua base no livre-arbítrio, que é obra divina, mas, enquanto realidade, o pecado não é algo que possa ser atribuído a Deus, senão a vontade do pecador. – E é possível não pecar? Evidentemente que é. Os anjos que se mantiveram fiéis ao Senhor, mostraram que o seu livre-arbítrio não os impediu de rejeitarem o pecado e aceitarem servir a Deus, opção única e imutável, ante a circunstância de os anjos viverem a dimensão eterna. Jesus também é o exemplo de que o homem pode não pecar, vez que criado em retidão (Ec.7:29).
Desde quando adquiriu a consciência, escolheu o bem e não o mal (Is.7:15), tendo assim perseverado até o fim, jamais tendo pecado (Hb.4:15). Por isso, tem autoridade moral para nos incentivar a seguir o Seu exemplo, lembrando-nos que devemos ter bom ânimo, pois, assim como Ele venceu o mundo, também o podemos fazer (Jo.16:33). Aleluia! – Embora tendo se originado no interior do querubim ungido que, consigo, levou a terça parte dos seres angelicais, contaminando-os com este mal (Ap.12:4), o pecado somente entrou na humanidade por meio do primeiro casal (Rm.5:12).
O pecado, embora tenha se originado no universo no interior do diabo, não é algo que o diabo possa transmitir para nós, como muitos erroneamente pensam. O pecado é algo que é gerado no interior de cada ser pecador (Tg.1:13,14), daí porque cada um terá de dar conta do seu pecado diante de Deus (Ap.20:12). – Muitos, inadvertidamente, quando falam em pecado, atribuem-no exclusivamente ao inimigo de nossas almas, dizendo que todo pecado provém dele, que ele é o culpado de todo o pecado que se comete aqui e ali, por este ou aquele. Nada mais falso e nada mais contrário às Escrituras Sagradas!
O pecado, sem dúvida alguma, apareceu no universo no adversário, quando este, ainda querubim ungido, intentou ser maior do que Deus. Neste instante, foi achada iniquidade nele e ele pecou, sendo imediatamente expulso dos céus. Seu desejo foi repetido em um terço dos seres angelicais que, influenciados por ele, também pecaram. Mas, observemos, o pecado destes anjos, que se tornaram os anjos maus, não era o pecado do diabo, mas, sim, o pecado de cada um deles, tanto que o apóstolo Judas menciona que os anjos maus não guardaram o seu principado, tendo deixado a sua própria habitação (Jd.6), ou seja, tomaram eles próprios uma decisão sua, individual, que não pode ser imputada ao diabo ou a quem quer que seja.
Os anjos maus pecaram, ao querer seguir o querubim ungido, mas cada um praticou o seu pecado, no interior de cada um se achou iniquidade. – Quando alguém peca, peca não porque o diabo pecou e o contaminou, mas porque decidiu deliberada e voluntariamente desobedecer a Deus, não mais servi-l’O nem observar os Seus mandamentos. Peca-se porque se deixa engodar e se atrair pela própria concupiscência, pela sua própria cobiça.
Cada pecador gera, em si mesmo, o seu pecado, torna a possibilidade advinda do fato de Deus tê-lo criado com o livre-arbítrio em uma realidade e, por isso mesmo, cada um é responsável pelo seu pecado. Fosse o pecado responsabilidade do diabo, Deus seria injusto ao condenar os pecadores à morte eterna, pois eles não seriam responsáveis pelos males cometidos e, sim, unicamente Satanás. Não é o que, porém, ocorre. Cada um peca quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência, cada um é individualmente responsável pelo seu pecar. – Com relação aos homens não foi diferente.
O relato da queda do primeiro casal, que se encontra no capítulo 3 do livro do Gênesis, mostra-nos, com absoluta clareza, que o primeiro casal pecou porque o quis, porque se deixou atrair e se engodar pela própria concupiscência. Verdade é que o diabo tentou a mulher, mas o que o diabo faz é tão somente isto mesmo: tentar, arriscar uma tentativa. O homem peca, porém, porque cede à tentação, ou seja, crê nas palavras do tentador, obedece às ordens do tentador, deseja escapar ao senhorio de Deus.
Assim, não é o diabo quem peca, pois ele tão somente tenta, vez que pecar já pecou lá no passado remoto. Quem peca é quem cede à tentação. Por isso, Jesus, na Sua oração dominical, faz um pedido ao Pai para que não nos induzas à tentação (Mt.6:13), sabendo que se não formos conduzidos a uma situação de tentação, teremos mais possibilidade de não pecar. – Não é por outro motivo que o mundo traz, em sua essência, a concupiscência. Como diz o apóstolo João, no mundo há a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo.2:16).
O mundo tem, por função, despertar em cada um de nós estes três elementos, para que venhamos a pecar. – Estes três fatores são sempre apresentados ao homem como benéficos, naturais, compreensíveis, e, com este engano, leva-se o ser humano à prática da maldade e à morte espiritual. – Vivemos dias em que há uma defesa incondicional do individualismo, da “autonomia da vontade”, onde as pessoas são levadas a acreditar que podem fazer o que quiserem, que cada um “é livre para fazer o que quiser”, que “temos de respeitar a decisão de cada um”
. Esta ideia mundana, inclusive, já contaminou muitos que cristãos se dizem ser, que, inclusive, não aceitam mais sequer a existência de disciplina na igreja local.
II – O CAMINHO PARA O PECADO
No relato bíblico da queda do primeiro casal, vemos que o pecado tem um caminho para surgir como uma realidade desastrosa na vida do homem. Este caminho, aliás, é magistralmente sintetizado pelo apóstolo Tiago em sua carta universal: “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tg.1:14,15). – O primeiro passo para o pecado, pois, é a tentação e é neste passo que aparece a figura do nosso adversário, cujo propósito é matar, roubar e destruir (Jo.10:10). Usando de sua astúcia (Gn.3:1) e de seus ardis (II Co.2:11), o adversário se aproxima do ser humano, que muito bem conhece (Mt.16:23), e inicia com ele um diálogo, onde procura lançar o homem no campo da dúvida, mediante os seus dardos inflamados (Ef.6:16).
Neste momento, devemos resistir ao diabo (Gl.2:11; I Pe.5:8,9), não permitir que ele ache lugar em nosso interior (i.e., em nossa vontade, intelecto e sentimentos) (Ef.4:27), resistência esta que será feita com a Palavra de Deus, como fez Jesus (Mt.4:4,7,10). Por isso, aliás, Jesus nos revela que a Palavra de Deus nos santifica, pois é ela quem nos mantém separados para Deus e separados do pecado (Jo.17:17).
Não é por outro motivo que o mundo procura desacreditar a Bíblia Sagrada, porque ela é a própria verdade, a arma com que enfrentamos o inimigo de nossas almas. Este descrédito em relação a Bíblia Sagrada procura identificar as Escrituras Sagradas como uma “obra ultrapassada”, um “livro antigo”, “fruto de uma cultura”, sempre com o objetivo de fazer com que as pessoas relativizem a Bíblia Sagrada e, principalmente, o que ela diz ser pecado. – Quando, porém, abrimos diálogo com o adversário, sem resistirmos a ele e deixando de lado a Palavra de Deus, caminhamos a passos largos para o fracasso espiritual, para o pecado.
Assim fez Eva. Quando o inimigo abriu o diálogo, a mulher, em vez de resistir ao maligno, iniciou conversação com o adversário e, o pior de tudo, demonstrou não ser atenta à Palavra Divina, vez que, em sua “ministração”, trouxe uma outra palavra que não a Palavra de Deus (compare Gn.3:2,3 com Gn.2:16,17). Após a tentação, quando encontra ela guarida nos corações dos homens, vem a incredulidade, que é um dos aspectos do pecado. Encontrando espaço em nosso interior para agir, o diabo põe-nos no campo da dúvida e passamos a não mais crer no que Deus disse. Assim ocorreu com a mulher.
Ela foi lançada no campo da dúvida pelo inimigo, que a fez crer que o que Deus havia dito, ou seja, que a morte seria consequência da desobediência, não era verdadeiro, mas, sim, o que havia era a possibilidade de o homem se tornar igual a Deus, sabendo todas as coisas, tanto o bem quanto o mal. – É interessante notar que o inimigo trabalhou no coração de Eva precisamente naqueles pontos falhos decorrentes da desatenção da Palavra de Deus.
O pecado exsurge, na vida do homem, da desatenção que se dá ao que Deus nos fala, ao que Deus nos revela. O salmista já dizia que quem medita de dia e de noite na lei do Senhor sabe reconhecer quando o conselho é de ímpio, quando o caminho é de pecadores, quando a roda é de escarnecedores (Sl.1:1,2). Sem a divina orientação, que se encontra na Bíblia Sagrada, seremos alvo fácil do inimigo e pecaremos inevitavelmente.
Sem conhecer a Palavra, sem conhecer a luz, andaremos sempre em trevas e produziremos obras más (Jo.3:19,20). – Eva havia dito que não se deveria comer da “árvore que está no meio do jardim”, ou seja, não atentou para o fato de que a árvore se chamava “árvore da ciência do bem e do mal” e, por isso mesmo, o inimigo trabalhou nela o desejo de “conhecer o bem e o mal”, visto que ela, desatenta, não tinha percebido que Deus já mostrara o que era o bem e o que era o mal e que, por isso, não se fazia necessário “experimentar” o mal para saber o que é.
Do mesmo modo, nos nossos dias, o inimigo ainda continua a trabalhar assim, principalmente entre aqueles que foram criados em lares cristãos, dizendo que é necessário primeiro “experimentar” o pecado, para depois, então, servir a Jesus. O pecado não deve ser “experimentado”, mas, sim, evitado e resistido, pois, quem conhece o que dizem as Escrituras, já sabe o que e o que não é pecado, sem necessidade alguma de o experimentar.
Eva havia dito que o fruto da árvore não poderia ser nem tocado, algo que Deus não havia dito e, por meio deste “acréscimo”, pôde o inimigo iniciar o trabalho de sedução consistente na persuasão para que a pessoa Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tg.1:14,15).
O primeiro passo para o pecado, pois, é a tentação e é neste passo que aparece a figura do nosso adversário, cujo propósito é matar, roubar e destruir (Jo.10:10). Usando de sua astúcia (Gn.3:1) e de seus ardis (II Co.2:11), o adversário se aproxima do ser humano, que muito bem conhece (Mt.16:23), e inicia com ele um diálogo, onde procura lançar o homem no campo da dúvida, mediante os seus dardos inflamados (Ef.6:16).
Neste momento, devemos resistir ao diabo (Gl.2:11; I Pe.5:8,9), não permitir que ele ache lugar em nosso interior (i.e., em nossa vontade, intelecto e sentimentos) (Ef.4:27), resistência esta que será feita com a Palavra de Deus, como fez Jesus (Mt.4:4,7,10). Por isso, aliás, Jesus nos revela que a Palavra de Deus nos santifica, pois é ela quem nos mantém separados para Deus e separados do pecado (Jo.17:17). – Não é por outro motivo que o mundo procura desacreditar a Bíblia Sagrada, porque ela é a própria verdade, a arma com que enfrentamos o inimigo de nossas almas.
Este descrédito em relação a Bíblia Sagrada procura identificar as Escrituras Sagradas como uma “obra ultrapassada”, um “livro antigo”, “fruto de uma cultura”, sempre com o objetivo de fazer com que as pessoas relativizem a Bíblia Sagrada e, principalmente, o que ela diz ser pecado. – Quando, porém, abrimos diálogo com o adversário, sem resistirmos a ele e deixando de lado a Palavra de Deus, caminhamos a passos largos para o fracasso espiritual, para o pecado. Assim fez Eva.
Quando o inimigo abriu o diálogo, a mulher, em vez de resistir ao maligno, iniciou conversação com o adversário e, o pior de tudo, demonstrou não ser atenta à Palavra Divina, vez que, em sua “ministração”, trouxe uma outra palavra que não a Palavra de Deus (compare Gn.3:2,3 com Gn.2:16,17). – Após a tentação, quando encontra ela guarida nos corações dos homens, vem a incredulidade, que é um dos aspectos do pecado. Encontrando espaço em nosso interior para agir, o diabo põe-nos no campo da dúvida e passamos a não mais crer no que Deus disse. Assim ocorreu com a mulher.
Ela foi lançada no campo da dúvida pelo inimigo, que a fez crer que o que Deus havia dito, ou seja, que a morte seria consequência da desobediência, não era verdadeiro, mas, sim, o que havia era a possibilidade de o homem se tornar igual a Deus, sabendo todas as coisas, tanto o bem quanto o mal. – É interessante notar que o inimigo trabalhou no coração de Eva precisamente naqueles pontos falhos decorrentes da desatenção da Palavra de Deus.
O pecado exsurge, na vida do homem, da desatenção que se dá ao que Deus nos fala, ao que Deus nos revela. O salmista já dizia que quem medita de dia e de noite na lei do Senhor sabe reconhecer quando o conselho é de ímpio, quando o caminho é de pecadores, quando a roda é de escarnecedores (Sl.1:1,2). Sem a divina orientação, que se encontra na Bíblia Sagrada, seremos alvo fácil do inimigo e pecaremos inevitavelmente.
Sem conhecer a Palavra, sem conhecer a luz, andaremos sempre em trevas e produziremos obras más (Jo.3:19,20). – Eva havia dito que não se deveria comer da “árvore que está no meio do jardim”, ou seja, não atentou para o fato de que a árvore se chamava “árvore da ciência do bem e do mal” e, por isso mesmo, o inimigo trabalhou nela o desejo de “conhecer o bem e o mal”, visto que ela, desatenta, não tinha percebido que Deus já mostrara o que era o bem e o que era o mal e que, por isso, não se fazia necessário “experimentar” o mal para saber o que é.
Do mesmo modo, nos nossos dias, o inimigo ainda continua a trabalhar assim, principalmente entre aqueles que foram criados em lares cristãos, dizendo que é necessário primeiro “experimentar” o pecado, para depois, então, servir a Jesus. O pecado não deve ser “experimentado”, mas, sim, evitado e resistido, pois, quem conhece o que dizem as Escrituras, já sabe o que e o que não é pecado, sem necessidade alguma de o experimentar.
Eva havia dito que o fruto da árvore não poderia ser nem tocado, algo que Deus não havia dito e, por meio deste “acréscimo”, pôde o inimigo iniciar o trabalho de sedução consistente na persuasão para que a pessoa (II Co.4:4). Quando damos lugar ao inimigo, temos o nosso entendimento entenebrecido, passamos a “enxergar” equivocadamente e o que era algo que não deveria ser feito passa a ser “agradável aos olhos”. – Por fim, a concupiscência atinge o próprio âmago do ser do pecador. Ele passa a se considerar autossuficiente, independente de Deus, acima do Altíssimo.
É a soberba da vida, o que também se mostra em Eva, quando vê a árvore como “desejável para dar entendimento”. Quando se chega a este ponto, contaminando o próprio espírito humano, visto que a alma já o fora com a concupiscência dos olhos, temos o estágio final da concupiscência. – Concebida a concupiscência, diz-nos Tiago, gera-se o pecado. “Tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.” (Gn.3:6 “in fine”). Eis a grande tragédia da humanidade! Concebida a concupiscência, surge o pecado, o pecado entra no mundo dos homens, promovendo a separação entre Deus e a humanidade (Is.59:2) que é a morte espiritual que já havia sido anunciada pelo Senhor (Gn.2:17 “in fine”).
Uma vez pecando, o homem torna-se dominado pelo pecado, como o Senhor advertira a Caim (Gn.4:7). Ao ingressar o pecado no mundo, o primeiro casal distorceu a imagem e semelhança de Deus recebida e, por causa disto, fez com que os homens passassem a ter uma natureza pecaminosa, visto que, doravante, seriam imagem e semelhança do primeiro casal (Gn.5:3). Por isso o salmista afirma que somos formados em pecado e em iniquidade (Sl.51:5). Como consequência disto, todo ser humano, quando atinge a idade da consciência, escolhe o mal e rejeita o bem. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm.3:23).
A consequência do pecado é a morte, ou seja, a separação de Deus. Pecando, o homem não tem mais comunhão com Deus, tanto que, naquele dia tão triste, quando Deus chegou ao jardim, o primeiro casal d’Ele procurou se esconder, pois não havia mais intimidade, comunhão entre Deus e os homens. Prova de que todos os homens pecaram, como diz Paulo, é justamente o fato de que todos estão separados de Deus, de que a morte sobreveio a todos (Rm.5:12). – Neste ponto, é relevante fazermos algumas considerações, ainda que rápidas, a respeito da “doutrina do pecado original”, que é defendida por vários segmentos ditos cristãos, em especial a Igreja Romana.
O “pecado original” seria o “pecado de Adão”, com o qual todos os homens nasceriam, daí porque, entre outras consequências, ser necessário o “batismo infantil” para se obter o perdão deste “pecado original”. – Tal doutrina, porém, não tem o menor respaldo bíblico. Cada um deve dar conta de seus pecados e, assim como o diabo não pode ser culpado pelos pecados cometidos pelos indivíduos, também nem Adão nem Eva podem ser culpados pelos pecados dos outros.
Quando de Sua advertência a Caim, o próprio Senhor nos mostra que Caim não era pecador por causa do pecado de seus pais, mas que, se pecasse, seria dominado pelo pecado. Assim, o “pecado original” não se transmite hereditariamente aos homens que, por isso mesmo, não são nascidos pecadores. – O salmista diz que somos formados em pecado e em iniquidade, ou seja, herdamos de nossos pais a natureza pecaminosa, isto é, a tendência de pecar inevitavelmente quando alcançamos a nossa consciência, mas, em absoluto, isto quer dizer que já temos o pecado de Adão e de Eva em nós.
Adão prestará contas de seu pecado diante de Deus, assim como cada um de nós prestará contas de seu pecado diante de Deus (Ap.20:7). “Pecado original” não é o pecado de Adão (ou de Eva), mas, sim, a natureza pecaminosa que herdamos, a nossa tendência natural de pecar quando alcançamos a consciência. Não fosse assim, por que Jesus teria dito que das crianças é o reino dos céus? (Mc.10:14; Lc.18:16). – Esta falsa doutrina do pecado original é também utilizada pelo mundo para fazer com que as pessoas achem que estão livres da natureza pecaminosa única e exclusivamente por conta de um ato ritual.
A ideia de que “o batismo salva” é mais um fator para fazer com que as pessoas entendam que podem pecar, porque já estão salvas por terem sido “batizadas” quando ainda crianças. – Outro engano que o mundo traz à mente das pessoas é a ideia da “predestinação incondicional”, segundo a qual a salvação decorre de uma prévia escolha divina. Assim, quem é “escolhido para salvação” pode pecar à vontade, porque já está salvo, não importa o que faça ou venha a fazer.
III – A DEFINIÇÃO DO PECADO À LUZ DA QUEDA DO HOMEM
Visto o triste caminho do pecado, que é seguido inevitavelmente por todos os homens, quando adquirem a consciência, diante da natureza pecaminosa que herdaram dos seus pais, podemos extrair das Escrituras as lições que elas nos dão a respeito do pecado, definindo o que é ele e quais são os seus aspectos.
A primeira definição que temos de “pecado” é decorrente da sua própria etimologia seja em hebraico, seja em grego. “Pecado”, quase sempre, em hebraico, é tradução de “chatta’h” (חטאה(, que, em grego, é “hamartía” (άμάρτία), ou seja, “tortuosidade”, “desvio”.
O pecado, portanto, é um “desvio”, é uma “tortuosidade”, uma “distorção”, uma “saída de rota”, ou seja, é uma atitude que sai dos objetivos, das regras, dos fins propostos por Deus aos seres criados por ele com o livre-arbítrio. Deus havia estabelecido o querubim ungido para glorificá-l’O, “chefiar” esta glorificação, seja no Éden, seja no monte santo de Deus. Mas o querubim ungido quis situar-se acima do trono do Altíssimo, quis ser glorificado e não glorificar, o que representava um desvio, uma distorção do fim instituído pelo Senhor e, por isso, pecou.
De igual maneira, o primeiro casal, feito para lavrar e guardar o jardim do Éden, bem como para dominar sobre a criação terrena, adorando a Deus e Lhe obedecendo, também resolveu “saber” o bem e o mal, para ser igual a Deus (Gn.3:5) e, por causa disto, também se desviaram da rota traçada pelo Senhor, pecando. O pecado, portanto, é um desvio de finalidade, de objetivo, de rumo, quando se deixa o que foi estabelecido por Deus e, mediante um mau uso da liberdade de escolha, opta-se por algo diverso do alvo predeterminado por Deus.
Daí porque o salvo deve sempre repetir as palavras do apóstolo Paulo: “…uma coisa faço e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp.3:13b,14). – Mas, “pecado”, também, é transgressão. “Transgressão” é o ato de “transgredir” e “transgredir”, por sua vez, é “passar de uma parte a outra”, “violar”, “infringir”.
O pecado apresenta-se como uma ação que vai além da vontade de Deus, uma atitude desprendida da vontade divina. O pecado é um ato em que o ser moral não leva em conta a vontade do seu Senhor e passa para o outro lado, ou seja, age de acordo com a sua vontade, fora dos objetivos, das prescrições e dos desejos de Deus. ‘Transgredir” é “expor completamente”, ou seja, é sair de debaixo da proteção de Deus, de debaixo da mão de Deus para se manter independente, sem proteção, à mercê do mal e do adversário, como fez Balaão (II Pe.2:16). É a quebra de um dever e de uma ordem (Rm.2:23).
Eis o motivo por que a Bíblia diz que, ao pecar, Eva caiu em transgressão (I Tm.2:14), o mesmo se dando com relação a Adão (Rm.5:14). – A Bíblia diz que a transgressão receberá de Deus a justa retribuição (Hb.2:2). Com efeito, sendo a transgressão um afastamento da vontade de Deus, uma quebra de uma ordem divina, o ser moral que a toma assume a responsabilidade pelos seus atos e deverá, pois, prestar contas ao Criador e Senhor de todas as coisas (Sl.24:1). Quando transgredimos a Deus, estamos condenados à rejeição por Ele e à morte, como ocorreu com Saul (I Cr.10:13).
Quem não transgride, é puro e, por isso, verá a Deus (Jó 33:9; Mt.5:8). Quem tem a sua transgressão perdoada, é bem-aventurado (Sl.32:1). – O mundo tenta, de todas as maneiras, convencer as pessoas de que não há tal justa retribuição, de que Deus é amor e misericórdia e que perdoa a todos, apesar do que for cometido. É a falsa doutrina do “universalismo”, que chega mesmo a dizer que até o diabo e seus anjos serão perdoados por Deus.
Como se isto fosse pouco, há, ainda, aqueles que defendem a retribuição por parte de méritos humanos, ou seja, dizem que o pecado cometido pode ser devidamente reparado mediante obras humanas. A propósito, toda religiosidade surgida no mundo, que tem o homem como fonte de criação, sempre defende a “salvação pelas obras”, segundo a qual o pecado é devidamente reparado por “boas obras”, que levam, assim, a uma inevitável salvação, seja agora, seja mediante reencarnações.
Outra distorção da ideia de pecado é procurar trazer “gradações de pecado”, dizer que há “pecadões” e “pecadinhos” e que os “pecadinhos” não geram a morte espiritual, são tolerados por Deus ou, no limite, não impedem a salvação, mas tão somente uma “purgação” na eternidade. Tais pensamentos também incentivam a prática do pecado e uma tolerância com uma vida pecaminosa, que muito contribui para que as pessoas se descuidem e acabem perdendo a salvação.
Tais pensamentos, evidentemente, estimulam à prática do pecado e à construção de uma mente cauterizada, que, acostumada ao pecado, torna-se insensível espiritualmente e não vê problema algum em continuar a viver pecando, exatamente o engano que se quer provocar para levar as pessoas à perdição eterna.
O terceiro significado de “pecado” é “impiedade”, ou seja, “incapacidade para honrar os seus deveres”, “falta de pureza”, “falta de religião”, “falta de credulidade”. O pecado dos homens é visto por Deus como “impiedade (Rm.1:18). O pecado é um estado em que o homem se distancia de Deus e, por causa deste distanciamento, deixa de ter santidade, deixa de ter os sentimentos próprios de Deus, passando a ser cruel, maldoso, impuro e infiel.
O pecado é a inobservância dos deveres cometidos a ele por Deus, bem assim a ausência de relacionamento entre Deus e os homens. Sem se relacionar com Deus, o homem se embrutece, querendo mostrar-se independente e superior a Deus, curva-se a outras criaturas e até mesmo a objetos produzidos por ele mesmo.
Em vez de se mostrar um ser moral, dotado de equilíbrio e racionalidade, o homem passa a ter um comportamento mais bestial que o dos próprios animais, gerando um estado caótico que Paulo bem descreveu no capítulo 1 da carta aos romanos. – Por causa disto, o mundo está cheio de impiedade, a começar pelo lugar do juízo e pelo lugar da justiça (Ec.3:16), daí porque ter o profeta dito que a justiça humana é como trapo de imundícia (Is.64:6).
A impiedade está entronizada no meio dos homens sem Deus e sem salvação (Sl.125:3; Zc.5:8-11), porém não subsistirá (Sl.1:6; Pv.11:5; 12:3; Ec.8:8; Jd.15). É desejo de Deus que todos renunciemos à impiedade (Tt.2:12; Is.58:67; Ez.33:19). A grande causa da impiedade é a falta de amor, resultado da separação que se faz entre Deus, Que é amor (I Jo.4:8 “in fine”) e a humanidade. – Para se contrapor a esta realidade, o mundo traz a ideia de que não existe bem ou mal, que tudo é relativo.
É o chamado relativismo ético ou relativismo moral, que diz que o bem e o mal são resultado de um consenso, de uma escolha feita num determinado momento histórico por uma determinada sociedade e que, portanto, não há que se falar em “impiedade” ou em “coisas boas ou más”, “certas ou erradas”. – Nos dias de hoje, muitos estão a dizer que “a moral é cultural”, que tudo não passa de convenções estabelecidas nas mais diversas sociedades e que tudo deve ser “respeitado”, “tolerado” e “admitido”. Este quadro procura convencer os homens de que não há pecado.
A terceira definição de pecado que nos mostra um outro aspecto seu é a de “desobediência” (Rm.5:19). Pecado é “desobediência”, ou seja, “falta de obediência”, “recusa de obedecer”. Tanto o querubim ungido quanto o primeiro casal não quiseram obedecer às regras, às normas estabelecidas por Deus a eles. O querubim fora estabelecido para ficar no monte santo de Deus, mas quis subir acima do Altíssimo.
O primeiro casal foi proibido de tomar do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, mas, igualmente, não obedeceu. A obediência é o que Deus requer do ser humano, é a Sua única exigência (Dt.10:12,13). Obedecer é melhor do que sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (I Sm.15:22).
A desobediência foi sempre a razão de ser do fracasso de todos quantos decidiram servir a Deus (Dt.8:20; Dn.9:11; At.7:39). O pecado é desobediência e a desobediência gera a indignação e a ira divinas (Rm.2:8), a reprovação para toda a boa obra (Tt.1:16). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb.3:18), bem como reservado um triste fim (I Pe.4:17).
O mundo, então, traz a ideia de que Deus não existe e, se existe, não exige esta ou aquela conduta do ser humano, porque criou todas as coisas e as deixa funcionando sem qualquer interferência Sua, confundindo liberdade com “autonomia” e defendendo a ideia de que o homem pode fazer o que quiser.
O quarto significado de “pecado” é “iniquidade” (I Jo.3:4; 5:17), ou seja, “demasia”, “excesso”, “desigualdade”, “injustiça”. O pecado é um ato que gera injustiça, ou seja, em que toma indevidamente algo que não é seu, em que acrescenta demasiadamente para um e faz faltar para outrem. Nem poderia ser diferente, visto que Deus é a justiça (Jó 36:3; Sl.4:1).
Assim, se, ao pecar, afastamo-nos de Deus, o resultado disto é a “injustiça”, a “iniquidade”, a “desigualdade”. Vive-se num mundo injusto e desigual em todos os sentidos (econômico-financeiro, social, político etc.), por causa do pecado, que é o gerador de todos os distúrbios que padecemos.
Aliás, as desigualdades e dominações de uns sobre outros é decorrência direta do pecado, como se verifica dos juízos divinos lançados sobre a humanidade em virtude do pecado do primeiro casal. – Por ser “iniquidade”, o pecado exige a aplicação da justiça divina para sua dissipação.
Ao longo do livro de Levítico, onde está a maioria das prescrições relativas a sacrifícios, sempre se fala na iniquidade que deverá ser levada pelo pecador. Ao pecar, o homem gera uma injustiça, uma desordem na ordem estabelecida por Deus, uma circunstância de desigualdade e de excesso e falta, que tem de ser remediada, sob pena de trazer a justa punição a quem pecou.
Quem pratica a iniquidade não invoca ao Senhor (Sl.14:4), ainda que até pronunciem indevidamente o Seu nome. Na verdade, não têm estes qualquer relacionamento com Deus, que, naquele dia, em que se prestará conta de toda a iniquidade carregada consigo, ouvirão a dura sentença: ‘Nunca vos conheci” (Mt.7:21-23), precisamente porque têm o mal no seu coração (Sl.28:3). – O mundo procura criar uma falsa ideia de justiça e, para tanto, costuma “adjetivar” a justiça, o que traz enorme confusão na sua identificação.
Assim, fala-se em “justiça social”, por exemplo, expressão que o filósofo e economista norte-americano Thomas Sowell (1930- ), disse ser uma expressão que nada significa, pois toda justiça é inerentemente social. – Com esta confusão, o mundo procura distorcer o significado de “justiça” e, assim, fugir à ideia da “iniquidade” e, por conseguinte, de pecado, buscando sempre justificar a inobservância da lei divina.
O quinto significado de “pecado” é “incredulidade”, que é a “falta de credulidade”, a “qualidade de quem não crê, de quem não tem fé”. O pecado é a falta de crença em Deus e em Sua Palavra.
O pecador não confia no que Deus diz, é um descrédito à verdade. O pecador, em vez de crer em Deus e em Sua Palavra, prefere crer em fábulas, mentiras e ilusões, quase sempre bem arquitetadas pelo adversário, que é o pai da mentira (Jo.8:44). A incredulidade foi o motivo pelo qual a geração do êxodo, ou seja, os israelitas de vinte anos para cima que saíram do Egito, não entraram na Terra Prometida (Hb.3:19) e será a razão pela qual muitos não entrarão no reino de Deus, na Canaã celestial, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6). Quem age com incredulidade e nesta incredulidade permanece, ficará fora da comunhão com o Senhor (Rm.11:20,23).
Os incrédulos estão sob o domínio do pecado, são enganados diuturnamente pelo inimigo (II Co.4:4). O destino dos incrédulos é a morte (Hb.11:31; Ap.21:8). O mundo é caracterizado pela incredulidade, pela defesa da ideia de que não se deve crer naquilo que Deus diz, seja negando a própria existência de Deus (ateísmo), seja adotando um modo de vida em que Deus simplesmente é desconsiderado (o chamado “ateísmo prático”).
IV – AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO
A primeira consequência do pecado, já apontada por Deus previamente ao homem, é a morte, ou seja, a separação entre Deus e os homens (Gn.2:16,17; Is.59:2;Rm.6:23). Ao pecar, o homem estabelece uma divisão, uma barreira entre ele e Deus, pois não é possível haver comunhão com Deus quando se está em pecado (Ef.2:11-14). Logo no primeiro dia após o pecado, o homem não se sentiu bem com a aproximação de Deus, procurando d’Ele se esconder, como se isto fosse possível (Gn.3:8). O estado pecaminoso do homem fez com que Deus expulsasse o primeiro casal do Éden (Rm.3:23), tendo, também, impedido o seu acesso à árvore da vida (Rm.3:22,24).
A segunda consequência do pecado é a perda da inocência e o surgimento da malícia e da maldade. Assim que o homem pecou, percebeu que estava nu (Gn.3:7), nudez que não era apenas a física, ou seja, a ausência de vestes para cobertura do corpo, mas, também, a nudez espiritual, pois o homem se achou, também, sem as vestes de justiça que possuía antes de pecar (Jó 29:12; Is.61:10).
O pecador está espiritualmente nu, como se vê quando o Senhor se refere à igreja de Laodiceia (Ap.3:18). A nudez espiritual, consequência do pecado, leva-nos à questão do pudor. O homem sentiu vergonha do seu corpo, ou seja, o homem, imagem e semelhança de Deus, já não consegue ver, em si mesmo, esta imagem e semelhança de Deus, passa a ter vergonha de si mesmo, do seu próprio corpo. Temos, assim, a substituição do “homem da inocência” pelo “homem da concupiscência”. Esta vergonha representa, antes de mais nada, a distorção operada pelo pecado na própria estrutura humana. O homem já não sabe lidar com seu corpo, alma e espírito, e, por isso, sente vergonha e medo.
OBS: Vale a pena transcrever aqui o pensamento do ex-chefe da Igreja Romana, João Paulo II (1978-2005), a respeito do pudor, pensamento cuja biblicidade recomenda a transcrição:”… 5. O coração humano conserva em si contemporaneamente o desejo e o pudor. O nascimento do pudor orienta-nos para aquele momento em que o homem interior, «o coração», fechando-se ao que «vem do Pai», se abre ao que «vem do mundo». O nascimento do pudor no coração humano dá-se a par e passo com o início da concupiscência — da tríplice concupiscência segundo a teologia joanina (cfr. 1 Jo. 2, 16) e em particular da concupiscência do corpo. O homem tem pudor do corpo por causa da concupiscência. Mais, tem pudor não tanto do, corpo quanto exatamente da concupiscência: tem pudor do corpo por causa da concupiscência. Tem pudor do corpo por causa daquele estado do seu espírito a que a teologia e a psicologia dão a mesma denominação sinónima: desejo ou concupiscência, embora com significado não de todo igual. O significado bíblico e teológico do desejo e da concupiscência difere do usado na psicologia. Para esta última, o desejo provém da falta ou da necessidade, que o valor desejado deve satisfazer. A concupiscência bíblica, como deduzimos de 1 Jo. 2, 16, indica o estado do espírito humano afastado da simplicidade original e da plenitude dos valores, que o homem e o mundo possuem «nas dimensões de Deus». Exactamente essa simplicidade e plenitude do valor do corpo humano na primeira experiência da sua masculinidade-feminilidade, de que fala Génesis 2, 23-25, sofreu sucessivamente, «nas dimensões do mundo», transformação radical. E então, juntamente com a concupiscência do corpo, nasceu o pudor. 6. O pudor tem significado duplo: indica ameaça do valor e ao mesmo tempo preserva interiormente esse valor (1). O facto de o corpo humano, desde o momento em que nele nasce a concupiscência do corpo, conservar em si também a vergonha, indica que se pode e deve fazer apelo a ele quando se trata de garantir aqueles valores, a que a concupiscência tira a sua original e plena dimensão. Se conservamos isto na mente, estamos capazes de compreender melhor porque, falando da concupiscência, Cristo faz apelo ao «coração» humano. …” (JOÃO PAULO II. Audiência geral de 28 de maio de 1980.
A terceira consequência do pecado é a culpa que sobrevém ao homem. Muitos estudiosos da atualidade, dentro de sua rejeição à Palavra de Deus, costumam dizer que o cristianismo representa um mal para a humanidade, porque impõe ao gênero humano a ideia de culpa, ideia esta que tiraria dos homens a alegria de viver. No entanto, tais pensadores estão totalmente equivocados. A Bíblia Sagrada não torna os homens culpados, nem faz com que os homens percam a felicidade da vida atribuindo-lhes uma culpa. Na verdade, as Escrituras apenas mostram que o homem, feito para ser inocente e feliz, ao pecar, fazendo mau uso de sua liberdade, de seu livre-arbítrio, tornaram-se culpados diante de Deus (Tg.2:10; Cl.2:14). A culpa não é uma “invenção cristã”, mas o resultado do pecado. Porque pecamos, tornamo-nos culpados diante de Deus. A Bíblia é bem clara ao nos mostrar que Deus não faz do culpado inocente (Ex.34:7; Nm.14:18; Na.1:3). Ao culpado está reservada a morte (Os.13:1). – A quarta consequência do pecado é fazer com que o homem fique debaixo da ira de Deus. Já temos dito que o pecado é um distanciamento entre Deus e o homem, de modo que o homem sai do lugar da proteção de Deus (“o esconderijo do Altíssimo, a sombra do Onipotente” – Sl.91:1) para se expor completamente, ficando à mercê do adversário e da própria ira divina. Desde os céus, Deus Se ira contra os pecadores (Rm.1:18-20), como bem demonstrou o grande pregador Jonathan Edwards, num dos sermões mais famosos da história da Igreja, “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, cuja leitura recomendamos (entre outros endereços, este sermão está disponível em http://www.monergismo.com/textos/advertencias/pecadores_maos_deus_irado.htm ).
A ira de Deus em relação ao homem é a reação divina pela prática do pecado. Deus é bom, Deus é amor, entretanto, também é justiça. Deus, por iniciativa Sua, somente promove o bem ao homem, somente busca conceder ao ser humano a felicidade, pois, como vimos na lição anterior, Deus quer que o homem seja feliz. Entretanto, quando o homem, em vez de buscar a felicidade, que se encontra na comunhão com o Senhor, d’Ele se afasta, passando a pecar, traz sobre si a ira divina.
Moisés, em seu último cântico, deixa isto bem claro ao mostrar à nação israelita que, se ela se ensoberbecesse e deixasse de servir a Deus, “dando coices”, “deixando a Deus que a fez”, o Senhor a desprezaria, a abandonaria à própria sorte, provocado que foi à ira pelos Seus próprios filhos e filhas (Dt.32:15-20).
Quando Deus abandona o homem e o despreza, manifesta a Sua ira e, neste instante, o juízo de Deus apresenta-se extremamente duro. – As pragas do Egito, reação ao endurecimento do coração de Faraó, bem como as pragas que estão profetizadas para a Grande Tribulação são demonstrações do que é cair debaixo da ira de Deus. Como disse o escritor da carta aos hebreus: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb.10:31), como também, “como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação?” (Hb.2:3a).
A ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência (Ef.5:6; Cl.3:6) e o pecador, em sua dureza e impenitência de coração, somente entesourará para o dia da ira e da manifestação do juízo de Deus (Rm.2:5). Que Deus nos guarde! – A quinta consequência do pecado é fazer o homem perder a tranquilidade. A paz é o resultado direto da comunhão com Deus (Rm.5:1) e esta comunhão nos dá a paz de Deus (Fp.4:7; Cl.3:15).
Entretanto, se estamos em pecado, estamos separados de Deus e, por conseguinte, também não temos paz. Todo o homem que obra o mal tem tribulação e angústia (Rm.2:9), tem uma paz ilusória, porque não é a paz dada por Cristo Jesus, o Deus Filho (Jo.14:27; 16:33). Toda a intranquilidade, toda a perturbação, todo o desespero que vemos reinando no mundo é resultado direto do pecado na vida dos homens.
O mundo, diante desta perda de tranquilidade, traz a concepção de uma “falsa paz”, que seria a “harmonia” entre as pessoas, através de “valores comuns”, de uma “fraternidade humana universal”, que é a construção de uma sociedade sem Deus e que busca a tão sonhada paz no próprio homem ou no seu equilíbrio e harmonia com a natureza. Este discurso, que propositadamente deixa de lado a ideia de pecado, nada mais é que um engano para manter o homem sem paz e sem salvação. – A sexta consequência do pecado é fazer com que o homem fique sujeito ao pecado (Gn.4:7). Jesus disse que todo aquele que peca é servo do pecado (Jo.8:34). Como o Senhor advertira Caim, o pecado domina o homem.
O homem, ao pecar, torna-se escravo do pecado e, por isso, já não mais faz o que quer, mas sim o que o pecado que nele habita quer que ele faça, como bem demonstrou o apóstolo Paulo no capítulo 7 da epístola aos romanos. Ao pecar, o homem se coloca à mercê de sua natureza pecaminosa e, também, do diabo e de seus anjos, que, pela ocasião do pecado do homem, escravizam os pecadores, cegando-lhes o entendimento e os levando para o seu mesmo destino: o lago de fogo e enxofre.
Não é verdade, portanto, que o mundo físico esteja sob o governo de Satanás e de seus anjos, como, infelizmente, muitos pregadores, seduzidos pelo falso ensino da doutrina da confissão positiva, estão a ensinar em muitos púlpitos na atualidade.
O mundo físico e todos aqueles que nele habitam são do Senhor (Sl.24:1) e nunca deixaram de sê-lo. No entanto, os homens, quando dão ocasião à sua própria natureza pecaminosa e são atraídos e engodados pela própria concupiscência, distanciam-se de Deus e ficam à mercê do diabo e de seus anjos que passam a controlar as mentes, as vontades e os sentimentos destes homens, escravizados que estão pelo pecado. Passam a servir ao adversário de nossas almas, a serem instrumentos de iniquidade (Rm.6:13).
O diabo passa a dominar o homem, o seu ser, mas não o mundo cósmico, como se alardeia por aí. Ele é, sim, o príncipe deste mundo, entendido mundo aqui não como a criação, mas o reino das trevas, o reino do pecado e do mal. – A sétima consequência do pecado é a perda da posição do homem na ordem cósmica. Feito para dominar sobre a criação terrena e para viver em comunhão com o Senhor, o homem, ao pecar, perdeu esta posição.
Expulso do Éden, não mais teve comunhão com Deus e a natureza, que antes lhe era servil, agora é sua competidora, precisando, inclusive, lutar contra ela para poder sobreviver (Gn.3:17-19). Sem acesso à arvore da vida, o homem não só sofreu a morte espiritual, que é a separação de Deus, como também lhe foi imposta a morte física, vendo, pois, a separação do seu próprio ser, com a interrupção da sua unidade pelo retorno do corpo ao pó da Terra e a ida do homem interior para o local de espera do julgamento final.
Nesta perda da posição de domínio sobre a criação terrena, o homem acaba se submetendo a suas próprias invenções, sem falar às demais criaturas. Assim, torna-se escravo do dinheiro e das riquezas, o dá origem a toda espécie de males (Mt.13:22; I Tm.6:10), como também é levado, pela soberba, a contendas e questões de palavras, que só geram mais e mais pecados (I Tm.6:4). É levado, também, pelos seus próprios desejos desordenados e incontrolados (Lc.21:34), chegando, mesmo, ao ponto de passar a adorar as criaturas em lugar do criador, dando origem à idolatria, fonte de toda corrupção moral e de costumes (Rm.1:21-32).
A oitava consequência do pecado foi a desigualdade de sexo, ou seja, a diferença de tratamento entre o homem e a mulher. Feitos para serem iguais diante de Deus, pois, para Deus, não há acepção de pessoas (Dt.10:17), homem e mulher, por causa do pecado, passaram a ter posições diferenciadas no relacionamento entre si, tendo o senhor determinado o domínio do homem sobre a mulher (Gn.3:16). Este domínio não é desejo divino, mas reação divina ao pecado cometido.
Como vimos, o pecado é gerador de desigualdade, pois é iniquidade e, em virtude disto, a humanidade sob o pecado é um triste quadro de injustiças, de desigualdades e de dominações. Entre tais desigualdades, destaca-se a “desigualdade de gênero”. – Em que pese todo o esforço para que a mulher tenha uma melhor posição na sociedade humana, notadamente a partir do final do século XIX, o fato é que, como sistematicamente demonstram os relatórios das organizações internacionais, a mulher ainda vive nítida situação de inferioridade em relação ao homem, seja nos países ricos, seja nos países pobres; seja no campo econômico, seja no campo social ou político, e isto quando a população de mulheres já é superior a de homens.
Tudo isto está a provar que o pecado gera consequências inevitáveis e que não se consegue suprimir pela força humana. – O mundo traz como alternativa a esta consequência do pecado o “feminismo”, que acabou dando guarida à “ideologia de gênero”, onde, sob o pretexto de trazer “empoderamento à mulher”, cria um ambiente ainda mais desigual e hostil às mulheres, visto que tais ideologias levaram a mulher ao mercado de trabalho, promovendo a sua maior exploração, retiraram da mulher o sublime papel da maternidade, que é o ápice da sua dignidade segundo o modelo estabelecido por Deus, criando um sem-número de problemas adicionais que afetam a mulher enquanto tal (intensificação do tráfico de mulheres, aumento da violência contra a mulher, ocupação do espaço social da mulher pelos “Transgênero” etc.)
A nona consequência do pecado é a contaminação da vida familiar. O pecado, ao trazer a desigualdade de gênero, já tornou tensas as relações entre marido e mulher, mas, logo em seguida, com o primeiro homicídio, bem demonstrou que vinha a atacar de forma direta a própria família. Desde então, o pecado tem transtornado muitíssimo a vida familiar, vida esta que se encontra, nos nossos dias, em frangalhos, por causa, precisamente, do pecado. Quando se verifica, por exemplo, a situação em que se encontrava a instituição familiar em períodos de juízo divino, como nos dias de Noé, nos dias de Ló ou na geração seguinte a Josué e os anciãos em Israel, vemos que a família era e é a principal vítima do estado de intensa pecaminosidade.
O pecado gera a destruição da vida familiar, pois desfaz a pureza e a estabilidade entre marido e mulher, retirando assim a necessária autoridade moral indispensável para o relacionamento entre pais e filhos, gerando milhares e milhares de vidas sem afeto e sem amor, prontas para ficarem à mercê de ação dos diversos instrumentos da iniquidade, num ambiente de depravação moral e de violência generalizada. – O mundo busca escamotear esta consequência criando “novas formas de família”, buscando chamar de “família”, arranjos e uniões que não são conformes ao padrão bíblico e que jamais podem gerar a bênção divina, mas trazer ainda mais problemas na sociedade e para os indivíduos.
O quadro de contaminação da vida familiar passa a ser de desestruturação completa da instituição familiar, o que leva a maior prática do pecado e da maldade, tanto que o Senhor Jesus vai comparar os dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, os nossos dias, com os “dias de Noé”, tendo esta característica de total desconsideração para com o modelo divino de família como fator preponderante. – A décima consequência do pecado é a desunião, o desamor, o ódio de uns contra os outros.
O domínio do pecado sobre o homem faz com que sejam praticadas as chamadas “obras da carne” (Gl.5:19-21), que prejudicam grandemente a própria convivência e sobrevivência da humanidade. O pecado, a começar da família, dilapida a estrutura social e instala a barbárie e o egoísmo como modos de sobrevivência e de permanência no convívio social. Por mais tecnologicamente civilizados que estejam os homens, o aumento do pecado produz cada vez mais pecado, cada vez mais maldade, cada vez mais selvageria. Apesar de estar na era da telemática, de um desenvolvimento tecnológico nunca antes visto, quem se atreveria a dizer que estamos num mundo mais honesto, mais pacífico, menos cruel do que nossos avós?
Esta consequência é tão nefasta que o próprio Jesus nos mostra que atingirá até mesmos aqueles que já alcançaram a salvação um dia. “E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mt.24:12). Este “muitos”, no original “pólus” (πόλυς), significa “quase todos”, “a grande maioria”. O efeito devastador do pecado é tanto que quase todos os que um dia receberam o amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5) se esfriará, desaparecerá. Que Deus nos guarde! – O mundo altera o significado de “amor”, tornando-o de um comportamento num mero sentimento, numa simples emoção, não raras vezes confundida com a mera satisfação egoística e que se reduz ao aspecto meramente instintivo e sexual.
A confusão entre “eros” e “amor” é mais uma distorção que busca enganar os que não creem na Palavra de Deus. – A décima primeira consequência do pecado é a cegueira espiritual. O pecado torna-nos cegos espirituais, pois temos nosso entendimento cegado pelo adversário de nossas almas (II Co.4:4) e “não enxergamos um palmo à frente do nosso nariz” em termos espirituais, tanto que abandonamos as coisas eternas, que são as que realmente têm valor, para nos prendermos às coisas passageiras e vis deste mundo.
O pecador não consegue compreender que o mundo passa e a sua concupiscência e que só quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:7). Deixa de ajuntar tesouros para a eternidade por conta de tesouros nesta vida que é tão passageira como a flor da erva (Mt.6:19-21; I Pe.1:24). Cansa-se e fatiga-se com as coisas deste mundo, esquecendo-se da boa parte (Lc.10:41,42). – O secularismo, ou seja, a visão do mundo somente para as coisas desta vida, o materialismo e o completo desprezo pelo aspecto espiritual têm sido a base da maneira de viver pregada pelo mundo em nossos dias, buscando, assim, esconder a realidade da eternidade e os males que a vida de pecado causa ao ser humano.
A décima segunda consequência do pecado é a indignidade da pessoa humana. Com efeito, o pecado torna o homem indigno, à mercê do inimigo de nossas almas e separado de Deus. Nestas circunstâncias, o homem decai completamente de sua natureza e passa a ser um instrumento de iniquidade, que se autodestrói, que, a cada instante, ocasiona a sua própria degradação. – Quando vemos a que ponto tem chegado o ser humano, a que ponto o ser humano tem se tornado vil e desprezível aos olhos dos próprios homens, vemos como o homem tem se tornado indigno, tem sido vilipendiado. A vileza do homem alcançará seu estágio máximo na Grande Tribulação, quando ele é posto como uma simples mercadoria e das menos valiosas dos poderosos, como se lê em Ap.18:11-13.
Vemos, portanto, que o pecado tem consequências extremamente danosas e o homem não tem como enfrentá las. Estaria, pois, irremediavelmente perdido se Deus não o amasse e não providenciasse um escape. – Por isso mesmo, o mundo distorce esta verdade bíblica, fazendo com que o homem não enxergue a situação deplorável em que se encontra e que precisa de salvação, que Deus já providenciou.
Não é à toa que um dos papéis do Espírito Santo é precisamente o de convencer o homem do pecado (Jo.16:8), pois uma das coisas que o mundo faz é manter o homem alheio a esta ideia de pecado, fazê-lo crer que o pecado não existe ou, se existe, não traz tanto mal assim ao homem.
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco
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