EBD Revista Editora Betel | 4° Trimestre De 2023 | TEMA: Terceira Epistola de João – Instituindo o discipulado baseado na verdade, no amor e fortalecendo os laços da fraternidade Cristã | Lição 10: O Verdadeiro discípulo Glorifica a Deus
TEXTO ÁUREO
“E o que a si mesmo se exaltar, será humilhado, e o que a si mesmo se humilhar, será exaltado.” Mateus 23.12
VERDADE APLICADA
O discípulo de Cristo deve ser exemplo, para o rebanho, de um viver coerente com os princípios bíblicos, para a glória de Deus.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ensinar sobre o poder do discipulado.
Expor critérios para verdadeiros discípulos que exercem liderança
Revelar erros do falso poder.
TEXTOS DE REFERÈNCIA
MATEUS 23
6 E amam os primeiros lugares nas celas e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens – Rabi, Rabi.
8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus
10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
11 Porém o maior dentre vós será vosso servo.
12 E o que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar, será exaltado.
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA – SI 51.10 Devemos buscar um coração puro.
TERÇA – SI 145.3 O poder de Deus não tem limites.
QUARTA – Pv 22.9 Deus abençoa os generosos.
QUINTA – 1Co 2.5 A fé deve se apoiar no poder de Deus.
SEXTA – 1Co 13.4 O amor é bondoso.
SÁBADO – 1Ts 4.7 Deus nos chamou para a santidade.
HINOS SUGERIDOS: 112, 124, 200
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que o discípulo de Cristo tenha sede de servir bem e conhecer o Deus Todo-Poderoso
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1– A onipotência divina
2– O verdadeiro poder
3– Discípulos em crise
Conclusão
INTRODUÇÃO
Ser Todo-poderoso é a natureza de Deus, chamada de onipotência; ao homem resta reconhecê-la e se submeter a ela. Não é errado um discipulador ter poder, desde que ele venha de Deus e sirva para Sua glória e Seu propósito.
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1- A onipotência divina
O termo onipotente vem do latim omni, “todo, completo” mais potens, “aquele que pode, potente”. O nome de Deus em hebraico é El Shaddai, que significa Deus Todo-Poderoso. Foi assim que Ele se apresentou a Abraão [Gn 17.1]. Conhecer esse atributo divino é fundamental para que o ser humano se coloque na dependência do Deus que tudo pode [Jó 42.2]. Engana-se quem pensa que conhece Deus, mas se acha poderoso [Jo 15.5]. Jesus destacou o poder de Deus em contraste com o humano [Mt 19.26].
1.1. Designa destinos. Homens não são capazes de designar o destino das pessoas. Só Deus tem esse poder [Pv 21.1] e usa para Sua glória e propósito [Fp 2.13]. A maior mudança de destino foi quando Deus enviou Seu Filho para salvar o homem do inferno [Jo 3.16], portanto, vinculada à eternidade. Homens com sede de poder estão com seu coração nas coisas desta terra [Mt 6.21], como Diótrefes, que procurava ardentemente ser reconhecido como a pessoa mais importante naquela igreja local.
Estamos vivendo o período dos coaching espiritual (das mais diversas religiões), pessoas que afirmam serem capazes de ajudar outros a mudarem seu destino. O fato é que o destino humano já foi mudado por Deus e aqueles que se submetem ao Seu plano, por meio do sacrifício de Cristo na cruz, alcançam essa vitória [Lc 19.10]. Sem sacrifícios exigidos por qualquer “deus, sem apresentar virtudes humanas [Ef 2.8-9], mas pela fé em Jesus [Rm 10.9). O mesmo Deus que muda destinos, equipa a pessoa com Seu Espírito, para que ela passe a viver segundo o que Ele estabelece [2Co 7.1]. A partir daí, como Seus filhos, as pessoas devem se submeter a esse Deus Todo-Poderoso, João repreende a atitude de Diótrefes, um mau discípulo com sede de poder, que reivindicava para si o “primado” [Mt 23.6) e agia fora da vontade de Deus.
1.2. Promove a santidade. A santidade é um atributo comunicável de Deus. O atributo comunicável é aquele que Deus compartilha com o homem: amor, bondade, santidade entre outros, parte deles elencado por Paulo em Gálatas 5.22, como fruto do Espírito. A santidade, ou seja, a separação do pecado, é exigida por Deus [Lv 11.44]. Não se deve confundir santidade com religiosidade, sendo essa um esforço meramente humano e vão para alcançar o sagrado. Por meio do sangue de Jesus todos são santificados [1Co 6.11] e devem se manter em santidade e não ser dominados pelo pecado [1 Jo 1.8-9]. Por ser Santo, Deus é a Fonte da santidade. Apesar de ser um profeta do Senhor, Isaías só caiu em si sobre esse caráter de Deus quando teve a visão do Seu trono, onde os serafins clamavam “Santo, Santo, Santo” [Is 6.3]. Ali, reconheceu que era um homem impuro e precisava ser tocado pela santidade divina em seu ministério. E Deus o tocou nos lábios [Is 6.7].
Robert Murray, pregador escocês, destaca: “Não são os grandes talentos que Deus abençoa, mas a grande semelhança com Cristo. Um discípulo que vive em santidade é uma arma poderosa nas mãos de Deus”. Reconhecer que Deus é Santo significa reconhecer que somos impuros, pecadores e que precisamos ser tocados pelo Deus Santo, John Wesley diz: “A conversão tira o cristão do mundo, mas é a santidade que tira o mundo do cristão”.
1.3. Tem poder para exaltar. Exaltar no original grego é hupsoo, que significa “elevar às alturas; elevar ao extremo da opulência e prosperidade; elevar a dignidade, honra e felicidade”. É uma ação divina que afeta a vida natural e espiritual. Só é alvo dessa bênção, quem reconhece o poder de Deus e se humilha perante Ele [Mt 23.12]. Deus resiste aos soberbos como Diótrefes [1 Pe 5.5].
Diótrefes era como um pregador megalomaníaco. Era o sabe-tudo que nada sabia. Quando acreditamos saber de tudo, começamos a “emburrecer”. Ele proferia palavras maliciosas contra o apóstolo João. Ao invés de pregar para exaltar a Cristo, pregava contra o seu líder. Ele não se importava com as questões éticas, morais ou espirituais. Não via que apenas Deus tem o poder de exaltar e de abater. O Pr. Gilberto Oliveira Rehder diz: “Pior do que a ‘falta’ de humildade é a ‘falsa’ humildade que leva a pessoa a se sentir orgulhosa de estar agindo de modo humilde”.
EU ENSINEI QUE:
A onipotência é um atributo de Deus que pertence exclusivamente a Ele. Aquele que tem sede de poder age religiosamente, ignora as verdades espirituais e não conhece o Deus que é Todo-Poderoso.
2- O verdadeiro poder
Jesus veio mostrar o verdadeiro poder. Na contramão do mundo, esse poder está associado a um coração dedicado e incorruptível, a atitudes generosas sem esperar nada em troca e à solidariedade junto aos que sofrem. Paulo resumiu o verdadeiro poder de um discípulo na figura de Jesus, que sendo Deus “esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” [Fp 2.7]. Por cumprir sua missão, Deus o exaltou soberanamente [Fp 2.9].
2.1. Revela inteireza de coração. O coração do discipulador deve estar inteiramente voltado para o seu chamado, que é cuidar do rebanho de Deus [1 Pe 5.2]. Os religiosos estavam presos ao status de seus cargos, que faziam questão de exibir – e o pior é que o amor deles estava nisso [Mt 23.6]. João serviu com amor [Jo 21.20] e alertou que “aquele que não ama não conhece a Deus; por- que Deus é amor” [1 Jo 4.8]. Deus busca líderes segundo o Seu coração [1 Sm 13.14].
Diótrefes buscava poder, fama e status. Sua busca por primazia não tinha limites. No coração do homem carnal existe o anseio de ser grande, ser reconhecido, afamado. Para quem trabalha no serviço de Deus, isso é um grande perigo. Quando desejamos coisas altas demais, corremos o risco de não as alcançar e depois sofrermos com o sentimento de incapacidade e frustração. Muitas vezes, buscamos glória e reconhecimento para nós mesmos, mas não é essa a recomendação bíblica. Deus quer que estejamos satisfeitos com as coisas humildes, e caso queira, Ele nos dará as coisas maiores para que Seu nome seja glorificado.
2.2. É agente do bem. A bondade é a essência de Deus [Mc 10.18], que Jesus encarnou [Jo 1.1]. Os religiosos foram repreendidos por Jesus por desejarem ter os primeiros lugares nas sinagogas [Mt 23.6], valorizando o status social do cargo que ocupavam em vez do real compromisso que deveriam ter, que era serem servos [Jo 10.11]. A liderança de Cristo era constituída em fazer o bem [At 10.38] e esse deve ser o alvo dos seus discípulos. Empatia é uma característica indispensável a um discípulo de Cristo. Colocar-se no lugar do outro revela o autêntico servo que age com amor. Jesus designou 70 discípulos para esse tipo de missão [Lc 10.1, 9]. Mas esse bem não deve ser motivo de exibicionismo [Lc 10.20].
Os verdadeiros discípulos de Cristo ajudam as pessoas a se desenvolverem e terem o melhor desempenho possível dentro de seus respectivos chamados. A liderança servidora não é sobre cargos e títulos, como muitos religiosos e seguidores de Diótrefes pensam. Em vez disso, é uma atitude que consiste em fazer o bem àqueles que estão em seu círculo de relacionamento. Quem pratica o mal jamais viu a Deus [3 Jo 11].
2.3. É solidário. O termo solidário vem do latim solidus, que significa “firme, inteiro, sólido” e está relacionado a salvus, “salvo, em boa saúde. Gaio, um líder solidário, foi reconhecido por João pela boa saúde da sua alma (3 Jo 2]. Ele não media esforços para auxiliar aqueles que o procuravam (3 Jo 5]. O espírito da Igreja Primitiva era o da solidariedade [At 2.44] e Gaio estava sob ele. O verdadeiro discípulo é generoso, não age como os fariseus que faziam para serem vistos por todos [Mt 23.5-7), nas primeiras fileiras, mas em ser reconhecido por servir solidariamente [3 Jo 6]. O mau discípulo é egoísta, como Diótrefes, e é um problema para a Igreja.
Indivíduos egoístas, que não ouvem os outros, que pensam que a igreja esperou dois mil anos para que eles nascessem com suas ideias brilhantes e seu desprezo pelas pessoas, não servem para liderar a Igreja do Senhor. John C. Maxwell diz: “A verdadeira liderança deve ser para o benefício dos seguidores”.
EU ENSINEI QUE
O poder não está em valores que o mundo reconhece, mas naqueles que foram vividos e ensinados por Jesus.
3- Discípulos em crise
Maus discípulos que têm sede de poder são pessoas com crise, que buscam impor sua autoridade, como Diótrefes fazia. A ausência de submissão fez com que este mau discípulo desrespeitasse sua liderança, não entregando as cartas escritas por João à igreja local e se recusando a recebê-lo.
3.1. Desafia a autoridade. O desejo de primazia que Diótrefes tinha o fazia desafiar a autoridade espiritual que estava sobre seu ministério, o apóstolo João. Isso mostrava sua arrogância e destemor. Jesus deixou claro que os religiosos adoravam ser chamados de Rabi [Mt 23.7], termo que designava poder para o ensino e para conduzir outros. No coração destes religiosos havia o sentimento de superioridade, mas Jesus destacou que o “maior” teria que ser “servo”, um ensinamento oposto ao que aqueles “mestres” entendiam. Esses mesmos rabis desafiaram a autoridade de Jesus inúmeras vezes [Lc 10.25], como fez o próprio diabo, porém Deus é quem tem o poder sobre tudo [Mt 4.1-11].
Diótrefes não recebia o seu líder apostólico nem os seus representantes na igreja. Era rebelde contra a sua autoridade espiritual [Pv 17.11]; proibia que os irmãos recebessem o apóstolo João e hospedassem os evangelistas itinerantes enviados por ele.
3.2. Ignora a fonte da autoridade. Toda autoridade vem de Deus [Rm 13.1], por essa razão, responde a Ele sobre como a desempenha – se não der fruto, será cortada. Era assim na época de Jesus, da Igreja Primitiva e continuará [Lc 13.6-7]. Quem exerce autoridade eclesiástica sob suas próprias regras está em pecado e precisa se arrepender [1 Jo 1.9]. Ao não mostrar arrependimento por seu abuso de poder [Jr 22.17], Diótrefes mostrou sua arrogância e orgulho. O discípulo de Cristo está sempre sob a autoridade de Deus serve ao propósito dEle (CI 1.16].
Diótrefes fazia tudo do seu jeito e exigia das pessoas o que ele próprio não tinha: obediência à liderança. Era insubmisso e opunha-se abertamente às ordens de João [3 Jo 9.10]. Era recalcado e ciumento. Tentava a todo custo destruir a reputação de seu líder. Considerava o apóstolo como um perigoso rival para a sua presumida autoridade na igreja e procurou solapar sua posição mediante murmuração caluniosa. Mas João não se deixou intimidar por suas ameaças e comportamento autoritário. Assim que terminou de escrever sua terceira carta, iria àquela igreja e denunciaria a prepotência de Diótrefes. João sabia que as palavras e as obras más dos rebeldes emanam de Satanás.
3.3. Não serve de exemplo. O discípulo cujas atitudes e palavras não inspiram o rebanho de Deus, não serve e é mau. Jesus disse que o discípulo deve ser julgado pelos seus frutos [Mt 7.16a]. Quem quer apenas se mostrar “santo” para a multidão não passa de religioso e Jesus disse que será humilhado [Mt 23.12]. Mas quem se humilha sob a autoridade de Deus é exaltado por Ele – e reconhecido por seus pares, como Gaio e Demétrio foram.
As pessoas não precisam de discipuladores brilhantes, mas de testemunhas fiéis que apontem, por meio de suas palavras e exemplo de vida, para Aquele que foi crucificado e ressuscitado. Tomás de Aquino diz que “é preferível iluminar que brilhar. Assim como as estrelas que brilham, as pessoas soberbas também querem brilhar. Quem brilha mostra-se a si mesmo, quem ilumina mostra os outros”. Podemos seguir líderes que brilham ou que iluminam. Os auto promovidos não dão espaço para a glória de Deus.
EU ENSINEI QUE:
As crises dos discípulos surgem quando, a exemplo de Diótrefes, ignoram seus chamados ministeriais dentro dos critérios estabelecidos por Deus. Eles criam suas próprias regras e vivem em rebeldia a Deus e às autoridades constituídas por Ele, tomando-se maus exemplos.
CONCLUSÃO
Um cristão autêntico jamais será bem-sucedido biblicamente por seus próprios méritos; ao contrário, se tornará egoísta e insensível, porque o coração do homem é desesperadamente corrupto. O verdadeiro e legítimo reconhecimento que um cristão que está, ou não, em algum cargo ou função de liderança pode e deve buscar está em conhecer o Deus Todo-Poderoso, revelado em Jesus e expresso na vida de santidade.
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